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Vibrante, “Rivais” parte do tênis para observar com fascínio o alcance dos jogos mentais

Filme do cineasta Luca Guadagnino tem como foco um triangulo amoroso entre tenistas e aborda as reminiscências dessa conflituosa relação. “Rivais”, porém, vai muito além do óbvio

Por Reinaldo Glioche

Uma das qualidades mais vistosas do cinema de Luca Guadagnino, e burilada em “Rivais” (Challengers, EUA 2024) é sua capacidade de ser pop e cult simultaneamente, sem deixar sua verve narrativa em segundo plano. Ajuda, claro, contar com alguns dos nomes mais bem cotados da jovem Hollywood em suas produções.

Dakota Johnsson, então estrela em ascensão com “50 Tons de Cinza” para  refilmagem de “Suspíria”, Timothée Chalamet (“Até os Ossos”), Armie Hammer (“Me Chame pelo seu Nome”) e agora Zendaya.

“Rivais” sobeja tecnicamente. Da trilha sonora com pegada tecno disco de Trent Reznor e Atticus Ross à fotografia assinada por Sayombhu Mukdeeprom passando pela edição certeira e envolvente de Marco Costa que mimetiza o frenesi de uma partida de tênis. O roteiro sagaz e inteligente de Justin Kuritzkes é potencializado pela direção imaginativa, mas assertiva, do cineasta italiano que dá corpo a jogos mentais e vazão a uma sexualidade abraçada com pertinência e organicidade por seu elenco.

Fotos: Divulgação

Guadagnino filma Zendaya como uma Afrodite e ela nunca esteve mais sensual em cena. A energia que a atriz emana em cena é tão cativante quanto castradora e isso dá respaldo ao sentido dramático que navega pelos personagens. Se não se trata da melhor atuação da carreira de Zendaya como atriz, pode-se dizer que é mais nuançada e complexa delas. Mike Faist e Josh O`Connor não ficam atrás, aferindo materialidade às mais difusas emoções. São atuações que trafegam entre o empático e o repulsivo em uma velocidade que apenas o olhar atento de Guadagnino parece dar conta. E que bom que dá, pois seu filme se alimenta delas com voracidade.

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O tênis como um relacionamento

E do que versa “Rivais”? Muitas coisas. É fundamentalmente um filme sobre os jogos íntimos que travamos com aqueles que nos relacionamos, mas é também um filme sobre tênis, desejo, motivação e triangulo amoroso, claro.

Art (Faist) e Patrick (Josh O´Connor) são amigos de infância e adentram o universo do tênis juntos. Enquanto o primeiro dá sinais de um planejamento de careira mais equilibrado, o segundo pretende se profissionalizar o mais rápido possível. “Bater com a bola em uma raquete é um ótimo pretexto para não ter um emprego”, diz certa vez.

Ambos se interessam por Tashi Duncan (Zendaya), um prodígio do tênis muito mais talentosa e focada do que eles e as idas e vindas desse triangulo servirá como parâmetro para suas carreiras como tenistas e suas relações afetivas.

Guadagnino opta pela não linearidade ao contar essa história que, no limiar, mostra como a competitividade pode drenar ou impulsionar a motivação e como o tênis, entre tantos outros esportes, carece desse componente mental como subterfúgio para se melhorar a concentração e atuação no jogo.

Zendaya em cena de "Rivais"

No curso de uma partida em um torneio challenger (de menor expressão no calendário dos tenistas profissionais) vemos os agora ex-amigos Art e Patrick se enfrentando e a dramaticidade do evento vai sendo enrobustecida pelos detalhes que vão se somando nesse swing proposto por Guadagnino. O cineasta parece subscrever uma ideia aventada por Tashi. O tênis é como um relacionamento. É preciso haver conexão. Alguma conexão. Na dança de três figuras egoístas, o que se vislumbra no final é a conquista dessa conexão. Ao menos com o tênis.

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