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A esquerda está minando a criatividade em Hollywood?

Reinaldo Glioche

Não é de hoje que a dita cultura woke vem sendo problematizada na opinião pública. Há, inclusive, todo um pensamento alinhavado para apartá-la das ideologias da esquerda, mas o fato é que ela está associada ao pensamento de esquerda, principalmente em um contexto de Hollywood e todo o seu soft power.

Nos últimos dias, duas figuras expressivas de Hollywood se pronunciaram sobre aspectos correlatos à pauta. O dramaturgo e cineasta David Mamet criticou durante uma entrevista para promover seu livro de memórias em Nova York o que chamou de “totalitarismo fascista”. “Não há espaço para iniciativa individual”, disse Mamet sobre uma indústria cinematográfica que experimentou “crescimento, maturidade, declínio e morte”, especialmente após a recente greve de roteiristas de Hollywood. Na avaliação do escriba, as pautas de diversidade e inclusão acabam minando a criatividade e os roteiros agora são pensados de acordo com os muitos vieses de correção política e o talento, em outras frentes como a atuação, passa a ser um aspecto secundário em muitos projetos.

Jerry Seinfeld
Foto: Reprodução/YouTube

Já Jerry Seinfeld credenciou à “extrema-esquerda” a morte da comédia. Na avaliação do comediante, que estreia novo filme nesta semana na Netflix, um programa como “Seinfeld” não iria para o ar atualmente. Ele se ressente dos EUA não terem uma série como “Friends” em 2024 no ar e acredita que o politicamente correto é o responsável por programas de comédias não se viabilizarem na atualidade.

Hoje em dia, as pessoas “vão ver comediantes de stand-up porque não somos policiados por ninguém”, ele se orgulha. “O público nos policia. Sabemos quando estamos errados, sabemos instantaneamente e nos ajustamos instantaneamente. Mas quando você escreve um roteiro e ele passa por quatro ou cinco mãos diferentes, comitês, grupos, (eles voltam com) ‘Aqui está nosso pensamento sobre essa piada.’ Bem, isso é o fim da sua comédia.”

Esse diagnóstico talvez ajude a explicar o porquê de tantos comediantes estarem fazendo shows de stand-up virulentos, satirizando as “piadas proibidas” e batendo frontalmente na correção política. O mais recente especial de humor do inglês Jimmy Carr na Netflix, “Natural Born Killer” existe única e exclusivamente com essa proposta. Ele se sai melhor do que os mais midiáticos Ricky Gervais, em “Armageddon”, e Dave Chappelle, em “Dreamer”, também na Netflix.

Deixando a comédia de lado, o CEO da Disney Bob Iger andou dando declarações desencontradas sobre o fato dos filmes do estúdio, especialmente de Star Wars e Marvel, estarem muito reféns de pautas woke e que isso poderia estar afetando o desempenho comercial do estúdio.

Essas inflexões talvez sejam o prenúncio de um novo ciclo em Hollywood, menos circunspecto à correção política e, mais especificamente, da decadência da cultura woke em nosso tecido social.

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