Tom Leão
Desde “No Time to Die” (“Sem Tempo para Morrer”, 2021), não ouvimos mais falar em James Bond. Teoricamente, este foi o ‘último’ filme do personagem. Desde então, 007 está em hold. Já se falou em Idris Elba (um Bond negro), e até numa mulher (por quê não?) para voltar com o personagem. Me lembrei de uma fala do Tom Jones, num documentário que celebrava os 50 anos da série, quando abordavam a parte das trilhas e canções-tema. Ele dizia lá que, até hoje, não tem a menor ideia do que significava “Thunderball”, canção-tema de “007 Contra a Chantagem Atômica” (1965). Foi lá, e cantou, com maior cara de WTF?!? Pois é, estamos assim, também. Quem será?
Sempre lembro disso (e rio) a cada novo Bond anunciado. O último, que foi o de número 25 (e o último com Daniel Craig no papel do agente secreto), trouxe Billie Eilish com a música-tema. Que levou o Oscar da categoria. O primeiro da menina (e de seu irmão gênio, Finneas), que acabaram de levar mais um careca, por uma canção em ‘Barbie, o filme’. Os produtores sempre procuram um nome pop do momento para o tema. Nem sempre dá certo. O anterior, “Spectre”, foi defendido por Sam Smith (que acabou de se apresentar no Brasil, no último Lollapallooza), e ninguém recorda. Já o que veio antes deste, “Skyfall”, teve boa representação por Adele, que lembrou o estilo de cantar das divas dos anos 1960 e 70.
Como Shirley Bassey, que mandou ‘benzão’ em “Goldfinger” (1964). Tanto, que foi chamada pra repetir a tarefa em “Diamonds Are Forever” (“007 – Os Diamantes São Eternos”, 1971), o último com Sean Connery. Bassey (atualmente, com 87 anos), foi a única artista a defender várias trilhas Bond até hoje. Ela ainda voltaria a soltar a voz uma vez mais em “Moonraker” (“007 Contra o Foguete da Morte”, 1979), aquele em que Bond (então feito por Roger Moore), vinha ao Brasil.
Até os anos 80, as bond songs eram quase todas com vozes femininas. Ora fortes, como Bassey, ora suaves, como Carly Simon. Esta, cantou “Nobody Does it Better”, para “007: O Espião Que Me Amava” (“The Spy Who Loved Me”, 1977), um dos maiores sucesso saídos de um filme do espião, criado por Ian Fleming. Curiosamente, é um dos raros temas de Bond que não tinha o nome do filme. Outra assim, foi “All Time High”, para “007 Contra Octopussy” (1983), por Rita Coolidge. Além disso, estes filmes traziam aquelas aberturas magníficas, com silhuetas femininas, que, nos tempos atuais, foram ‘apagadas’.
Depois, mais para os anos 80/90, começaram a abrir o leque para bandas mais pop/rock. Embora, ainda nos anos 70, Paul McCartney & Wings tenham defendido o marcante tema para “Live And Let Die” (“Com 007 Viva e Deixe Morrer”, 1973), uma das mais marcantes trilhas de abertura da série, que foi até regravada (com sucesso) pelo Guns N´ Roses, nos 90s.
O tecno-pop inglês do Duran Duran, por exemplo, mandou bem com “A View To A Kill”, de “007 Na Mira Dos Assassinos” (1985). Na sequência, veio uma canção meio parecida com a do DD, feita pelo norueguês A-Ha, para “The Living Daylights” (“007 Marcado Para a Morte”, 1987), quando Bond era vivido por Timothy Dalton. Dava até para mixar as duas. Já o Garbage, passou meio batido com “The World is Not Enough”, de “007 – O mundo Não é o Bastante”, 1999), apesar de suas qualidades.
Contudo, as divas, nunca foram esquecidas. A grande Gladys Knight soltou a voz em “Licence to Kill” (“007 – Permissão Para Matar”, 1989) e Tina Turner, teve a sua vez em “GoldenEye” (“007 Contra GoldenEye”, 1995), já na ‘gestão’ Pierce Brosnan, numa pegada bem anos 60. Não ia demorar até que Madonna fosse convocada. Madge (que está voltando para um mega show na Praia de Copacabana), o fez na dançante “Die Another Day” (“007 – Um Novo Dia Para Morrer”, 2002). O último com um cantor, foi o de Chris Cornell, “You Know My Name” para “007: Casino Royale” (2006), o primeiro com Daniel Craig.
Enquanto isso, seguimos esperando por notícias do novo Bond e tentando imaginar quem seria a banda ou cantor/cantora a ser escolhida. Em quem vocês apostariam? O que está faltando?