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Parcimônia e introspecção caracterizam “Verissimo”

Por Reinaldo Glioche

Documentários, principalmente os biográficos, frequentemente precisam fazer escolhas sobre como irão abordar seus objetos. Essas escolhas nem sempre se sustentam narrativamente, mas há sempre uma contextualidade, certo grau de equivalência. Sob esse prisma, faz sentido que “Verissimo”, longa de Angelo Defanti que se ocupa do escritor Luis Fernando Verissimo, opte pela calmaria da observação. Pela vocação introspectiva de seu personagem principal.

Luis Fernando Verissimo
Foto: Divulgação

O filme se infiltra na intimidade de Verissimo para observar os dias que antecedem seu aniversário de 80 anos. Nada de muito alvissareiro acontece. Verissimo escreve, se exercita com a assistência de um fisioterapeuta, assiste futebol, passa tempo com seus netos e concede entrevistas.

A câmera de Defanti se esforça para submergir, mas ela está lá estimulando seu personagem. Pode-se argumentar que a escolha narrativa institui uma lógica monotemática a “Verissimo”. Ao observar o cotidiano do escritor ao invés de reverberar sua obra e legado, o documentário aposta no olhar para o trivial que tanto ventilou seus trabalhos. Em compensação, o efeito se dilui mais rapidamente do que a realização se dá conta.

A sensação que fica é que mais poderia ter sido feito. O escritor gaúcho é alguém que suscita grande curiosidade, como algumas cenas do documentário atestam, mas a percepção dominante é de que “Verissimo” poderia muito bem ter sido uma daquelas reportagens especiais de dominicais como o “Fantástico”.

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