Search
Close this search box.

A ótima “The Girls on the Bus” mescla política, jornalismo e feminismo com desenvoltura

Redação Culturize-se

Cena de "The Girls on the Bus"

Uma das melhores séries do momento é “The Girls on The Bus”, que no Brasil ganhou o subtítulo “Jornalistas de Campanha”, original MAX criado por Amy Chozick e Julie Plec e estrelado por Carla Gugino, Melissa Benoist, Christina Elmore, Natasha Behnam e Scott Foley.

O maior mérito da produção é conciliar a natureza política da produção, inspirada no livro “Chasing Hillary: Dez Anos, Duas Campanhas Presidenciais e um Teto de Vidro Intacto”, da jornalista Amy Chozick, com sua vocação para abordar o jornalismo, principalmente em uma época de tanta contestação sobre a profissão. Não obstante, tudo isso é temperado por uma trama assumidamente feminista, mas sem ser panfletária, angulando bem os conflitos inerentes a todo esse campo.

Na série somos transportados ao mundo eletrizante da política americana, acompanhando as trajetórias de quatro jornalistas ambiciosas e determinadas que cobrem a campanha presidencial. A produção apresenta personagens vibrantes e complexas, com personalidades distintas que moldam suas jornadas individuais e seus relacionamentos, ofertando panoramas ricos sobre as pressões e expectativas que essas profissionais enfrentam.

“The Girls on the Bus” mantém a essência do livro, capturando a dinâmica competitiva entre as jornalistas, as intrigas dos bastidores da campanha e os desafios encarados pelas mulheres em um ambiente predominantemente masculino.

Cena de "The Girls on the Bus"

Comentário político sagaz

O que mais impressiona na série da MAX é sua capacidade de burilar um comentário sobre o status quo sem parecer presunçosa. Tudo se elabora a partir da dinâmica das protagonistas e ganha ainda mais relevo no contraponto estabelecido pela produção sobre a decadência do jornalismo (e sua importância para a democracia). A tour que acompanha uma pré-candidatura democrata é composta por uma jornalista negra de uma rede de TV de extrema-direita (um decalque da Fox News), uma idealista simpática a uma candidatura feminina que escreve para o principal jornal impresso do País, uma veterana que coleciona furos de reportagens e se ressente da nova configuração do feminismo e uma influencer do TikTok que está se aventurando pela cobertura política.

A partir dessa disposição, a série confronta constantemente as convicções ideológicas de suas protagonistas, bem como estratifica uma análise sobre as transformações culturais e seus impactos tanto geracionais como na opinião pública.

A fonte literária

Em “Chasing Hillary: Dez Anos, Duas Campanhas Presidenciais e um Teto de Vidro Intacto”, a jornalista Amy Chozick narra sua experiência acompanhando Hillary Clinton de perto por uma década, desde a fracassada campanha presidencial de 2008 até a derrota inesperada em 2016. Mais do que um relato jornalístico, o livro é um retrato íntimo e complexo de uma das figuras políticas mais polarizadoras da história recente.

Chozick oferece acesso sem precedentes aos bastidores das campanhas de Clinton, revelando os altos e baixos da candidata, seus momentos de vulnerabilidade e força, as intrigas políticas e as estratégias de campanha. A autora não se limita a elogiar ou criticar Clinton, mas tece um retrato multifacetado da mulher e da política, explorando suas motivações, ambições e contradições.

Cena de "The Girls on the Bus"
Fotos: Divulgação

Um dos pontos fortes do livro é a honestidade brutal de Chozick. Ela não hesita em admitir seus próprios preconceitos e questionamentos sobre Clinton, o que torna sua narrativa ainda mais confiável e autêntica. A autora também tece críticas à própria mídia, expondo as falhas na cobertura da campanha de Clinton e o sexismo presente no jornalismo político.

Deixe um comentário

Posts Recentes