Redação Culturize-se*
A Sauna Lésbica é mais do que apenas uma instalação artística na 35ª Bienal de Arte de São Paulo; é um espaço de encontro, diálogo e imaginação, que desafia as convenções e estereótipos associados às lesbianidades. Localizada no subsolo do edifício que abriga a Bienal, essa obra criativa é um testemunho da força da coletividade, destacando-se com um vibrante letreiro em neon que anuncia seu nome ao mundo. No entanto, por trás dessa visibilidade está uma história de esquecimento e silenciamento, que as artistas por trás da Sauna Lésbica buscam desafiar e transformar.
A inspiração para este projeto surgiu de uma simples pergunta: “E se existisse uma sauna lésbica?”. Como explica Malu Avelar, uma das responsáveis pela instalação, “o que vai ter aqui na sauna, para além do espaço estético que foi produzido por esse coletivo, é um lugar de escuta. Acho que estamos precisando ouvir. Ao mesmo tempo, a obra vai sendo construída de acordo com o tempo. É um lugar de fazer parte, de construir juntas e de coreografar um futuro onde as lesbianidades são celebradas em todas as suas formas”.
Participar da 35ª Bienal de São Paulo é significativo para as artistas, como observa Bárbara Esmenia, que também compõe a Sauna Lésbica. Ela destaca a importância de tornar esse espaço acessível a todos, apesar de seu contexto erótico, e vê isso como uma oportunidade de diálogo com uma variedade de pessoas.
A Sauna Lésbica é um convite para imaginar e questionar as imagens e estereótipos associados aos corpos e experiências dissidentes. Ela desafia as expectativas e oferece uma plataforma para discutir e explorar as lesbianidades em todas as suas complexidades.
O título “Sauna Lésbica” em si é motivo de debate entre as artistas, como explica Bárbara Esmenia, pois busca desconstruir preconceitos e estereótipos, desafiando as noções convencionais do que tal lugar deveria representar. “É uma disputa de um imaginário, que tem a ver com o erótico – e não com o pornográfico. Ao mesmo tempo, é um desejo de quebra de uma expectativa de um senso comum”, salienta. Ela vai além: “Se a gente diz ‘Casa Lésbica’, ‘Carro Lésbico’ por que as pessoas já levam para um lugar pornográfico? Estamos disputando essa palavra com outras significâncias.”
A Sauna Lésbica é um espaço de pesquisa, onde perguntas são mais valorizadas do que respostas, e onde a arte se funde com a produção de conhecimento. É um lugar onde a imaginação é acionada, onde se encontram imagens, corpos e experiências diversas. Esta obra desafia a fronteira entre arte e vida, oferecendo um espaço de encontro e reflexão para todos aqueles que ousam explorar suas dimensões profundas.
A instalação é, portanto, um convite para imaginar, refletir e questionar, um lugar onde as lesbianidades são celebradas e exploradas em todas as suas facetas. É uma obra que se encaixa perfeitamente na proposta curatorial da 35ª Bienal de São Paulo, que busca o imaginário, o cogitar e o intuir, o desconstruir. É uma proposição de um futuro, um lugar de acolhimento de dissonâncias e de múltiplas possibilidades de pensamento e identidade. A Sauna Lésbica desafia o impossível e nos convida a dançar uma coreografia íntima e profunda em seu espaço acolhedor. Afinal, “o que é a Sauna Lésbica?” A resposta está na experiência, na imaginação e na busca contínua por compreender e celebrar as lesbianidades em toda a sua diversidade.
*com informações da Agência Brasil