A 35ª edição de Bienal de São Paulo abre hoje para o público e segue até 10 de dezembro com artistas e obras promovendo um reflexão sobre as urgências do mundo
Redação Culturize-se
A cidade de São Paulo, um dos centros culturais mais efervescentes do hemisfério sul e das Américas, abre as portas para a 35ª Bienal de São Paulo, com o tema “Coreografias do Impossível”. Este evento, a segunda bienal mais antiga do mundo, representa o maior encontro de arte contemporânea no hemisfério sul, e suas raízes profundamente entrelaçadas com São Paulo datam desde sua primeira edição, em 1951. Com 121 participantes e cerca de 1.100 obras em exposição, esta bienal promete ser uma celebração da diversidade cultural e criativa que caracteriza a cidade.
Uma curadoria horizontal
Uma das características marcantes desta edição da Bienal é sua curadoria inovadora, composta por um quarteto de curadores talentosos: Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel. Este modelo coletivo de curadoria representa uma tendência de afastamento das estruturas hierárquicas tradicionais, adotando uma abordagem horizontal e colaborativa. Essa escolha não apenas reflete a diversidade presente na cidade de São Paulo, mas também redefine a dinâmica do mundo das artes visuais.
Os curadores buscaram romper com as categorias e estruturas normativas que tradicionalmente definem exposições de arte. Em vez disso, eles se aventuraram em um território desconhecido, explorando as “coreografias do impossível”. Isso significa considerar como as impossibilidades da vida cotidiana se refletem na produção artística e como artistas encontram estratégias para desafiar o impossível. O resultado é uma exposição que desafia a divisão tradicional do mundo da arte em categorias rígidas, abrindo espaço para uma visão mais ampla e interconectada.
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A experiência espacial
A Bienal ocorre no icônico Pavilhão Ciccillo Matarazzo, projetado pelo renomado arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer. Este espaço não é apenas uma localização nobre, mas também uma obra de arte em si. Com seus três pavimentos, lounge no subsolo e auditório, o Pavilhão oferece uma experiência imersiva para os visitantes, com rampas sinuosas e enormes janelas que convidam a explorar as possibilidades múltiplas de trajetos e experiências.
Nesta edição, os arquitetos do grupo Vão propuseram um novo percurso, desafiando a obra modernista de Niemeyer e explorando novas dinâmicas para o espaço. Essa abordagem representa um diálogo respeitoso com a estrutura existente e a capacidade de adaptar o espaço para a visão da Bienal “Coreografias do Impossível”. A arquitetura, portanto, se torna parte integrante da experiência artística.
Além da exposição principal, a Bienal oferece uma programação pública rica e diversificada. Esta programação abrange uma variedade de elementos, incluindo apresentações musicais, ativações de obras, performances, encontros com artistas e mesas de discussão. Durante a primeira semana da mostra, os visitantes podem participar de eventos como mesas de abertura com os curadores e performances de artistas talentosos. Esta programação, que pode ser consultada no site oficial do evento, proporciona uma oportunidade única para interagir com as obras e os artistas, enriquecendo ainda mais a experiência da Bienal.
Conexão com São Paulo
A história da Bienal de São Paulo está profundamente entrelaçada com a evolução da própria cidade. Desde sua primeira edição, em 1951, a Bienal tem sido um reflexo das ambições de São Paulo de se tornar um centro cultural global. O evento não apenas promoveu artistas brasileiros, mas também abriu as portas para artistas de todo o mundo, contribuindo para a promoção internacional das artes brasileiras.
Hoje, a Bienal continua a desempenhar um papel importante na democratização do acesso à arte, mantendo sua entrada gratuita e investindo em programas educacionais. Esses esforços são fundamentais para a formação de novos públicos e para tornar a arte mais acessível às comunidades de São Paulo.
A Bienal “Coreografias do Impossível” não é apenas uma exposição de arte; é uma celebração da diversidade cultural e criativa que caracteriza São Paulo. Com uma curadoria inovadora, uma experiência espacial única e uma programação pública enriquecedora, este evento reafirma o papel central da cidade no cenário das artes contemporâneas. À medida que os visitantes exploram as “coreografias do impossível”, eles são convidados a refletir sobre a arte, a sociedade e as possibilidades que surgem quando desafiamos as convenções. O evento estimula uma jornada de descoberta e reflexão que destaca a importância da arte na nossa vida cotidiana e na busca por respostas para questões urgentes do nosso tempo.