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Soft power brasileiro é posto à prova na Feira do Livro de Bogotá

Redação Culturize-se

A 36ª edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá (FILBo 2024), que ocorre entre os dias 17 de abril e 2 de maio, não é apenas um evento cultural, mas também um marco na retomada das relações bilaterais entre Brasil e Colômbia com a cultura como eixo gravitacional.

A agenda bilateral teve início na terça-feira (16) com uma série de reuniões estratégicas entre autoridades brasileiras e colombianas. Um dos pontos altos foi o encontro entre Margareth Menezes e o ministro das Culturas, das Artes e dos Saberes da Colômbia, Juan David Correa. Durante a reunião, Menezes apresentou possibilidades de cooperação em diversas áreas, como formação artística, audiovisual, direito autoral e economia criativa, entre outras.

Encontro entre os ministros da Cultura de Brasil e Colômbia
Encontro entre os ministros da Cultura de Brasil e Colômbia | Foto: Divulgação/MinC

Juan David Correa destacou a importância histórica e cultural compartilhada entre Brasil e Colômbia, ressaltando que o Brasil serve como inspiração para seu país. Ele também agradeceu o convite do Brasil para que a Colômbia participe da Feira do Livro de São Paulo, evidenciando a vontade mútua de estreitar laços culturais.

“Queremos estreitar os nossos laços com um país que consideramos não só próximo, mas nosso irmão, exemplo e nossa inspiração. A presença colombiana na Feira do Livro de São Paulo se apresenta como uma oportunidade de transcender fronteiras através da palavra, da literatura e dos livros, e promover conversas entre duas nações conectadas pela Amazônia, mas também um interesse comum de unir a América Latina em um único território biocultural que potencialize a vida”, afirmou Correa.

O Brasil é o país convidado de honra da FILBo 2024, com o tema “Ler a Natureza”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é destaque da abertura do evento, aferindo peso à pretensão de influência brasileira na América Latina. Além disso, está previsto um encontro entre os presidentes Lula e Petro para discutir iniciativas de promoção do comércio, investimentos e desenvolvimento sustentável, especialmente na região amazônica.

Para a ministra Margareth Menezes, a presença do Brasil na FILBo é uma oportunidade única de promover a cultura brasileira e fortalecer os laços com a Colômbia. “É muito importante nesse momento fortalecermos as relações com outros países, porque o mundo precisa da sinalização de que é possível conviver, pensar e potencializar a nossa humanidade como base principal do resgate da existência e do valor da nossa biodiversidade. Essas são pautas impositivas para a sobrevivência do ser humano no planeta”, afirmou Menezes.

A comitiva brasileira, composta por representantes de diversos órgãos culturais, como a Fundação Biblioteca Nacional e a Fundação Palmares, tem como objetivo resgatar projetos importantes e fortalecer os laços culturais entre os dois países. É, também, um teste para o soft power brasileiro. Mais do que da disposição, da capacidade do país influenciar demandas culturais nos países com que faz fronteira.

“O fato de estarmos aqui é um momento de glória tanto para a Presidência da República, quanto para todo o Sistema MinC. Estamos revisando e assinando uma série de entendimentos junto com MinC e a Biblioteca Nacional da Colômbia que resgatam projetos importantes para os dois países. Essa relação de diálogo tende a crescer e se tornar mais forte pelo bem das repúblicas e para o bem das democracias”, declarou Marco Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional.

Além das reuniões políticas, a participação brasileira na FILBo inclui um pavilhão dedicado de 3.600m², desenvolvido em parceria com diversas agências e instituições brasileiras. O pavilhão oferece uma imersão nos diversos biomas do Brasil, celebrando a rica diversidade cultural do país.

Reprodução 3D de área temática do Pavilhão Brasil

Segundo Marco Antonio Nakata, diretor do Instituto Guimarães Rosa do Ministério das Relações Exteriores, a participação do Brasil na FILBo destaca a relevância da literatura brasileira no contexto sul-americano e reforça o compromisso do país com a promoção da cultura e da diversidade.

“A presença do Brasil como país convidado de honra reflete, portanto, seu compromisso com a promoção da literatura e cultura brasileira no exterior. A participação não apenas eleva o perfil internacional dos autores brasileiros mas também reforça a percepção do Brasil como um centro vibrante de criatividade e diversidade cultural”, destacou Nakata.

A FILBo 2024 portanto, além de uma oportunidade de aproximação estratégica entre governos com afinidade ideológica, representa uma chance para o Brasil exercitar seu soft power, algo necessário para um país que almeja certo protagonismo regional e global.

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