Tom Leão
Já falamos aqui dos 40 anos da criação do CD (compact disc), um dos formatos revolucionários da música. Mas, deixei passar a efeméride redonda de seu parente, o MD (mini disc), que é um de meus meios de áudio favoritos e, que até hoje, uso. Até porque, rola um certo fetiche tech, não apenas pelo visual do disquete futurista, como também pelo design de seus players. Ainda hoje, existem grupos e fóruns dedicados ao formato (que é muito durável). Se, hoje em dia, tentam fazer um comeback da fita cassete, que é bem inferior, por que não do MD?
O Mini Disc (MD), foi desenvolvido pela japonesa Sony (a criadora do walkman, do qual já falamos aqui) ainda nos anos 1980. Mas, como sua tecnologia era cara então, ficou guardado até o começo dos anos 90, quando foi lançado em janeiro de 1992, até se consolidar, em meados dos 90s. Antes dele, a Sony tinha lançado o DAT (digital áudio tape), para concorrer contra o DCC (digital compact cassete) da Philips. Contudo, mesmo sendo digital, os dois ainda usavam fita magnética.
O MD é um formato de armazenamento de dados em disco magnético-óptico. Ele tem um formato circular (é um disco, afinal), mas fica encapsulado dentro de um cartucho quadrado, de cerca de 3,5 centímetros (parecido com um disquete de computador). Fez muito sucesso no Japão em seu lançamento e, logo depois, conquistou também a Europa. Já nos Estados Unidos, não emplacou tanto, embora tenham sido lançados vários tipos de tocadores lá.
Além da Sony, marcas como Aiwa, Pioneer, Sharp e outras, também tiveram os seus aparelhos. Na maioria das vezes, portáteis (muito mais práticos do que os discman, sem pulos). Mas, houve também aparelhos de mesa (a Sony chegou a fabricar modelos no Brasil) e até mesmo fazendo parte de mini systems (tive um, da Aiwa, com um CD player e carrossel de MDs). A única coisa que nunca tive, foi um MD comercial (como um mini LP), com um álbum gravado nele. Saíram vários da Sony Records. Mas, nunca comprei.
O meu primeiro MD foi um da Sony (claro), que, embora portátil, era mais robusto do que a média (carcaça toda em alumínio, até hoje funciona). Como DJ, usava para gravar e tocar meus sets em festas. Deixei este conectado ao meu som caseiro e, na primeira viagem ao exterior, comprei um portátil tipo walkman, para uso na rua. Este, era minimalista: todo liso na carcaça, o disco era inserido por cima e os comandos ficavam visíveis na telinha LCD do controle remoto (com backlight azul!). Altamente futurista e bacana. As pessoas me viam usando aquilo e não faziam ideia do que era (ainda não existiam os tocadores de MP3, muito menos os iPods). Estes primeiros MDs tinham o tempo restrito: vinham em 60, 74 e 80 minutos. Sendo que, alguns aparelhos, permitiam que você dobrasse esse tempo, em detrimento da qualidade do áudio, ficando em mono.
As vantagens, em relação aos CDs e à fita cassete: além de ser um disquete (re)gravável — a maioria dos aparelhos eram recorders –, o MD permite que você não apenas edite a música gravada (corte, mixe, monte etc), como também a mude de lugar na playlist e a renomeie. Por isso, logo o MD passou a ser amplamente usado em estações de rádio, substituindo os cartuchos de fita magnética. Usei bastante meu MD portátil, com microfone, para entrevistas. Porque ia numerando cada pergunta (track mark) e, na hora de transcrever, era mais fácil do que ficar passando a fita. E, também, para gravar shows.
Em 2000, apareceu o MDLP (long play), que permitia alongar ainda mais o tempo dos disquinhos, sem perder a qualidade. Foi aí que comprei um novo portátil na gringa, para usufruir do MDLP (e, depois, um de mesa compatível). Logo depois, surgiu o NET MD, que vinha com cabo USB para conectar no PC e carregar arquivos de MP3 para dentro dele (usando um software da Sony). Como, nesta altura, eu já tinha centenas de disquinhos, acabei comprando um MD para carro, igual a qualquer aparelho, com rádio FM, só que com toca MDs.
Atualmente, tenho meu tocador de mesa MDLP e três portáteis (todos, funcionando), além de dezenas de disquinhos gravados em minhas noites como DJ, de rádios e de shows (os aparelhos tem entrada para microfone estéreo e também para cabo óptico, bom para conectar em CDs e gravar digital-digital). Acho a melhor tecnologia de áudio portátil já criada. Pena que não emplacou, muito por culpa dos populares iPods, que nunca tiveram estes recursos e, hoje, viraram sucata.