Tom Leão
“C30 C60 C90 Go!” é o nome de uma música da banda inglesa Bow Wow Wow. Mas, quem não conhece a banda e a música, não tem a menor ideia do que significa o título. Trata-se de algum código? Não. O nome refere-se aos três tipos básicos de fitas cassete (aqui, chamadas também de K-7, pela sonoridade) que existiam, e indicavam a duração de cada uma: 30, 60 e 90 minutos (existiram, também as fitas de 120, mais caras e que enrolavam mais). Cada uma servia para gravar um tipo de Long Play (os discos de vinil), que não duravam mais do que isso, geralmente. A de 60 minutos, era a mais popular.
Mas, porque estamos falando dos cassetes no tempo passado, se eles estão voltando? Estão? Sim, estão! Algumas lojas de discos nos EUA, já trouxeram de volta a seção de fitas (sim, as lojas de discos têm seções de fita novamente, assim como já tem de vinil há alguns anos). Mas não com coisas antigas, e sim álbuns recém-lançados. Um formato que já foi considerado uma coisa do passado e a razão pela qual as vendas de álbuns diminuíram – devido à facilidade de piratear música com elas – tem lentamente feito o seu caminho de volta junto com o renascimento do vinil. As vendas de fitas estão em alta, e 2023 pode vir a ser um ano ainda maior para o antigo formato.
Mas por que as fitas estão de volta? Grandes artistas como Taylor Swift e The Weeknd, lançaram versões em cassete de seus álbuns atuais e anteriores. Filmes e programas de TV como “Guardiões da Galáxia” (a capa do disco com a trilha é uma mix tape) e “Stranger Things”, por exemplo, fazem referência a elas (é num walkman que a menina escuta Kate Bush, em ST). Todos esses fatores ajudaram a introduzir o formato a uma geração jovem e curiosa pelo retrô. Aqueles familiarizados com o formato podem as considerar de baixa fidelidade (e, realmente, são, embora as de cromo e metal fossem um pouco melhores). Mas, como acontece com o vinil, a qualidade da sua experiência de audição depende do equipamento que você usa para tocar sua música. No geral, o MD (mini disc) era muito melhor. Um dia, falaremos dele.
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Contudo, como falávamos, para se ter uma boa qualidade de som com as fitas, o segredo está em ter uma boa aparelhagem, com bons filtros de ruídos. Já se passaram cerca de 15 anos desde a ‘morte’ das fitas, por isso é possível que você encontre um velho walkman ou toca-fitas em lojas de segunda mão ou na casa de algum parente. O problema maior com estes aparelhos, são que as borrachas do rolamento ressecam e partem. Mas, são baratas e fáceis de achar na internet. E qualquer oficina que lide com equipamentos eletrônicos/musicais, conserta.
Você pode nunca ter tido uma fita na vida – tudo bem. Mas, se tiver, poderá encontrar mixtapes ou álbuns antigos que esqueceu que ainda tinha. Eu mesmo, tenho uma gaveta cheia delas, feitas em casa ou compradas prontas. Por sorte, um de meus tape decks ainda está funcionando. Porque, o melhor mesmo, é ouvi-las num bom aparelho ligado a um receiver.
Por isso, o melhor tipo de player para isso são os toca-fitas vintage, para a melhor qualidade de áudio. Basta algum reparo e pronto. O meu, um Technics com mais de 30 anos, ainda roda numa boa (só parou de gravar, pena). Já toca-fitas para carros, é um pouco mais difícil de se encontrar. Walkman, menos. Os meus, cansaram os motores ou partiram as correias.
Na época em que foram lançadas, nos anos 60, pela Philips, foi uma revolução: qualquer um poderia gravar suas músicas favoritas e tocar em aparelhos portáteis. Mas, a revolução veio mesmo com o walkman da Sony, nos 80s. Com ele, você podia levar a sua música para qualquer lugar, e ouvi-la sozinho, nos fones (em estéreo!). Foi mais libertador do que os iPods.
No Brasil, a PolySom, que continua lançando discos em vinil, antigos ou novos, às vezes também lança fitas cassete. O primeiro disco da Pitty, “Admirável chip novo”, por exemplo, saiu em versão fita faz pouco tempo. As da minha coleção, continuam tinindo (a qualidade da fita e da copiagem, na gringa, era muito boa; aqui, sempre foi uma porcaria). Então, aperte o play! *nesse meio tempo, a Sony anunciou a volta do walkman, agora como um reprodutor de música via streaming.