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Ozempic e a busca pela magreza na era body positive

Reinaldo Glioche

As recentes fotos da cantora Maiara, da dupla com Maraisa, ensejaram uma grande comoção a respeito de sua magreza. A fragilidade física da cantora impressionou e detonou uma série de rumores sobre as circunstâncias de sua condição. Ao escrever seu nome na barra do Google o complemento é imediato: “Maiara Ozempic”.

Um antes e depois do Ozempic da cantora Maiara | Foto: montagem sobre reprodução

Ozempic é um medicamento desenvolvido para controlar a diabetes tipo 2, mas que agora está sendo amplamente utilizado como uma ferramenta para ajudar na perda de peso. Ele atua como um mediador, sinalizando ao corpo para produzir insulina em resposta à ingestão de alimentos. Além disso, ele também retarda o esvaziamento do estômago, proporcionando uma sensação de saciedade por mais tempo.

Não é nenhum segredo que a indústria farmacêutica está debruçada – em intensidade maior desde o controle da pandemia de COVID-19 – sobre o tarefa de desenvolver medicamentos para combater a obesidade. Com estimativas da Organização Mundial de Saúde apontando que até 2025 mais de 2 bilhões de adultos estarão acima do peso, a busca por tratamentos que auxiliem na perda de peso tornou-se uma prioridade global.

Enquanto essa corrida pelo ouro não provê frutos, outros medicamentos também estão ganhando destaque no cenário da perda de peso, como o Wegovy, uma versão de dose mais alta de semaglutida, e o Mounjaro, que contém a substância tirzepatida e acaba de ser liberado no Brasil pela Anvisa. Esses medicamentos, assim como o Ozempic, imitam hormônios presentes no corpo humano, regulando o apetite e proporcionando uma maior sensação de saciedade.

Body positive em xeque?

A razão pela qual a internet brasileira proliferou notinhas sobre os remédios emagrecedores e famosos que deles fazem uso é muito simples. A despeito do apregoado pela correção política, as pessoas compreensivelmente querem ser magras. Saúde, bem-estar e estética são as razões peremptórias para que as pessoas recorram a tratamentos, dos mais convencionais aos mais heterodoxos. Mas isso não é novidade!

O que, talvez, mereça alguma reflexão é o fato de que a tal positividade tóxica, aquela que recrimina o dissenso e lincha os não adeptos da cartilha pode ser subliminarmente responsável pela intensificação de um movimento que busca acesso a vias facilitadoras do emagrecimento.

Os comentários sobre Maiara, mas também sobre Patrícia Poeta, outra famosa brasileira “acusada” de usar o Ozempic demonstram que a ditadura body positive é apenas mais uma forma de opressão sociocultural.

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