Kyra Piscitelli
O teatro nos possibilita conhecer culturas e olhar para as nossas realidades, que muitas vezes estão ao nosso lado, mas não são acessadas. Tanto no espetáculo “Cícera” como no “Azira’i”, filhas trazem à cena suas mães e histórias em narrativas nada óbvias, poéticas e cheias de referências da cultura brasileira.
Conheça um pouco de cada uma dessas obras que estão em cartaz na capital paulista no SESC Pompeia (“Cícera”) e no SESC Ipiranga (“Azira’i”) e vá ao teatro.
“Cícera” nasceu como obra teatral em 2019, após uma profunda jornada de pesquisa dos Contadores de Mentira no Agreste de Alagoas. É a primeira temporada da obra em São Paulo e também o primeiro monólogo do Grupo. A obra permanece em temporada até dia 28, de terça à sexta, às 20h30, no Espaço Cênico do SESC Pompeia.
Na história, Daniele Santana se inspira em sua mãe para retratar uma mulher nordestina afro- indígena, que sai de sua terra em busca de oportunidades e melhores condições de vida.
Atravessado pela Cultura Popular brasileira, o trabalho se apoia nas tradições populares de Alagoas do “Guerreiro” e dos “Cantos de Trabalho”, tradições que aos poucos se tornam mais distantes do nosso presente.
O espetáculo “Cícera” tem ainda um gosto especial para o grupo por trás do solo. Os contadores de Mentira nasceu na cidade de Suzano em 1995 e manteve residência nesta cidade até 2024 e, recentemente, precisou migrar de território em decorrência de violência política por parte do poder público local que arbitrariamente retirou a permissão de uso do terreno onde o grupo ergueu com suas próprias mãos a sua sede. Em janeiro deste ano, o grupo iniciou a grande operação de desmontagem do Teatro para então se instalar em nova morada-território. E agora, o grupo, com apoio da Palipalan Arte e Cultura, tem chance de estrear com esse solo em São Paulo e no fértil SESC Pompeia.
Já “Azira’i”, o solo musical interpretado pela atriz indígena Zahy Tentehar estreia em São Paulo após temporada no Rio de Janeiro que lhe rendeu 8 indicações a prêmios, entre Shell e APTR. Dirigido por Denise Stutz e Duda Rios e produzido pela Sarau Cultura Brasileira, espetáculo autobiográfico foi criado a partir de memórias e vivências da atriz com sua mãe, a primeira mulher pajé de sua reserva indígena. A peça está em cartaz no SESC Ipiranga até 31 de março, as sextas e sábados, às 20h; domingos, às 18h.
O espetáculo “Azira’i” é autobiográfico e foi criado a partir de memórias e vivências da atriz com sua mãe, a primeira mulher pajé de sua reserva indígena. O espetáculo traz a música, língua índigena, as tradições e coloca a plateia dentro desse Brasil marcado pela mistura, alegria e também pela violência e pobreza.
Serviço “Cícera”
Direção: Cleiton Pereira
Atuação e dramaturgismo: Daniele Santana
Iluminador: Tomate Saraiva
Artesãs convidadas: Regiane Santana e Vanessa Oliveira
Direção de Produção: Palipalan Arte e Cultura
Até 28 de março
15 apresentações
4 sessões com tradução em Libras (uma por semana, às quartas-feiras).
De terça a sexta, às 20h30
No Espaço Cênico da Unidade
Capacidade: 75 lugares
Classificação Etária: 12 anos
Duração: 70 minutos
Ingressos: credencial plena: R$ 12; meia-entrada: R$ 20; inteira: R$ 40
Sesc Pompeia – Rua Clélia, 93.
Serviço “Azira´i”
Um solo de Zahy Tentehar
Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios
Direção: Denise Stutz e Duda Rios
Direção de arte e design gráfico: Batman Zavareze
Cenografia: Mariana Villas-Bôas
Figurinos: Carol Lobato
Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni
Trilha sonora: Elísio Freitas
Design de som: Gabriel D`angelo
Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno
Coordenação de Produção: Rafael Lydio
Produção: Sarau Cultura Brasileira
Temporada: de 8 a 31 de março
Às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 18h
Sessões extras: dias 23 e 30, sessões às 15h e 20h
Dia 22/3, sexta às 20h, a sessão contará com intérprete de libras
Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga, São Paulo
Ingressos: inteira: R$50,00; meia-entrada: R$25,00 e credencial plena: R$15,00