Redação Culturize-se
Cresce nos EUA a percepção de que é preciso mudar a política de guerra às drogas. Nos últimos anos, o principal jornal do mundo, o The New York Times, tem adotado uma postura cada vez mais aderente ao discurso de que, talvez, legalizar as drogas seja um caminho a se seguir. No ano passado, em editorial, o jornal elogiou as iniciativas de Joe Biden em tratar o uso de drogas como uma questão de saúde pública.
Desde 2014, antes da legalização em muitos estados americanos, o jornal defende a descriminalização da maconha em nível federal nos EUA. De lá pra cá, a tendência liberal do jornal facilitou uma expansão dessa visão para outras drogas. Para o NYT, a guerra às drogas falhou em reduzir o consumo e a oferta de drogas ilícitas e a criminalização tem um impacto desproporcional em minorias e comunidades pobres.
Ao romper com a política proibicionista, o Estado poderia regular esse mercado e instituir mecanismos de controle de produção, comércio e consumo, que geraria receita fiscal que poderia ser investida em programas de prevenção, tratamento e reabilitação. Seria possível, ainda na lógica do jornal, reduzir o encarceramento em massa por delitos relacionados às drogas.
O jornal reconhece que há poucas evidências empíricas, mas recorre aos exemplos existentes com a maconha para reforçar que a experiência seria um caminho válido. Países que legalizaram a maconha, como Portugal e Uruguai, não experimentaram aumento significativo no consumo ou em problemas sociais relacionados à droga e, no âmbito dos EUA, os estados que legalizaram obtiveram vantagens fiscais e sociais.
O jornal entende que o tema é complexo e que há muitos desafios a serem enfrentados, principalmente durante o período de transição, que seria necessariamente longo, mas tem reforçado paulatinamente que é preciso encarar esse debate com franqueza e disposição, pois não se pode insistir em políticas comprovadamente fracassadas, com enorme dispêndio financeiro, e esperar resultados diferentes.
