Search
Close this search box.

Por dentro do acachapante sucesso de “Todos Menos Você”

Redação Culturize-se

O sucesso perene de “Todos Menos Você”, que estreou no fim de 2023 nos EUA e no fim de janeiro nos cinemas brasileiros mobiliza analistas da indústria cinematográfica. O filme de Will Gluck, que tem no currículo longas como “A Mentira” (2010) e “Amizade Colorida” (2011), já soma mais de US$ 200 milhões nas bilheterias, tendo custado cerca de US$ 30 milhões para ser produzido. Isso em um contexto de descrença em torno das comédias românticas que passaram a ser despejadas no streaming – mais na Netflix do que em qualquer outro lugar.

Cena do filme Todos menos você
Fotos: Divulgação

Além do apetite do público por filmes desse perfil, o que a bilheteria resistente não deixa dúvidas, o marketing inteligente, que passa, inclusive, pela escolha de duas estrelas em ascensão em Hollywood, também precisa ser reconhecido. Alguns dos números são impressionantes: Houve 2,8 bilhões de visualizações da hashtag #AnyoneButYou no TikTok. E foi uma surpresa inesperada que uma música de 20 anos, “Unwritten” de Natasha Bedingfield, se tornasse um hino para os fãs.

Baseado na comédia de William ShakespeareMuch Ado About Nothing“Todos Menos Você” acompanha Bea (Sydney Sweeney) e Ben (Glen Powell), dois jovens que vivem um desses encontros acidentais que parecem escrito nas estrelas. O encontro, porém, acaba mal e eles ficam sem se falar até que se reencontram na iminência de partirem para a Austrália para o casamento de amigos em comum.

Ao site Deadline, o presidente de distribuição internacional da Sony, Steven o´Del, fala sobre como a estratégia de lançamento escalonada, algo pouco usual na atualidade, foi acertada para esse produto. “Sabíamos que o boca a boca seria fundamental para nosso filme. Estávamos confiantes de que o filme apenas precisava de uma chance para permitir que o público falasse autenticamente sobre sua experiência no cinema. Sabíamos que tínhamos a receita perfeita para um longo e frio inverno… Foi uma grande decisão não apressá-lo para o Natal na maioria das partes do mundo”.

Para se ter uma ideia do tamanho da conquista de “Todos Menos Você”, o longa já é a maior bilheteria para uma comédia romântica desde “Podres de Ricos” (2018), que é o único exemplar da década passada no ranking das maiores bilheterias do gênero. O longa ostenta, ainda, a melhor durabilidade no Top 10 dos EUA para uma produção da Sony com orçamento inferior a US$ 100 milhões.

Normalmente, comédias de Hollywood internacionalmente têm melhor recepção nos mercados de língua inglesa, mas “Todos Menos Você” também quebrou essa escrita. Agora é a 5ª comédia romântica de maior bilheteria de todos os tempos no México, e na Itália é a maior desde 2012. No Brasil, ficou em primeiro lugar por duas semanas e voltou à liderança na semana do cinema, que ofereceu ao público ingressos com preços promocionais, um mês depois de sua estreia.

O fenômeno “Unwritten”

O filme ressoou bastante junto à Geração Z, embora intrinsecamente seja uma crítica a esse público que vê gatilhos em tudo e todos. O nº 2 de distribuição da Sony, Stephen Basil-Jones, ainda ao Deadline, reconhece que essa aderência foi determinante para o sucesso da música de Natasha Bedingfield. “A coisa que realmente surpreendeu, que não percebemos que seria tão viral e contagiosa, foi os fãs responderem e cantarem junto com aquela música. Não é uma música clássica e familiar dos Beatles ou Taylor Swift, ainda era de 20 anos atrás e de repente falou culturalmente com as pessoas. Isso se tornou contagioso porque aquela cena final envolveu tudo tão lindamente e é isso que as pessoas levaram consigo.”

Algo semelhante aconteceu com outro filme recente, “Saltburn”, e uma música do início dos anos 2000, “Murder in the Dance Floor”.

A ideia de usar a música veio de Gluck. “Ele conhece o público jovem, sabe do que eles gostam e como falar com eles e como não”, diz Basil-Jones. Após o lançamento do filme, “Unwritten” chegou ao top 200 do Spotify e subiu para o 7º lugar no gráfico viral do TikTok, além de aumentar em 156% nos streams.

A Netflix já havia recuperado as comédias românticas do ostracismo. Agora a Sony, que é um dos estúdios que mais investem na experiência do cinema, resgata o gênero para a tela grande. “Validou nossa confiança de que o gênero de comédia romântica está vivo e bem”, observa o´Del. “As comédias românticas têm sido e continuarão sendo um pilar por décadas como uma ótima experiência cinematográfica social”.

Deixe um comentário

Posts Recentes