Redação Culturize-se
Incensado como uma alternativa ao Google, a Perplexity AI vive um escrutínio desafiador na arena pública da internet e a startup de inteligência artificial outrora vista como o futuro, é percebida como um motor de plágio que precisa ser enfrentado.
A Forbes descobriu recentemente que a Perplexity estava roubando seu jornalismo, reutilizando uma matéria exclusiva sobre o novo projeto de drones de Eric Schmidt para seu produto “pages”, que gera páginas web automatizadas com base em solicitações dos usuários. A Perplexity usou o conteúdo da Forbes sem a devida atribuição, enviando notificações push e criando um podcast gerado por IA a partir do relatório da Forbes. Esse conteúdo falso até superou a Forbes na busca do Google.
O diretor de conteúdo da Forbes, Randall Lane, detalhou o problema em um post no blog, destacando como a Perplexity copiou trechos inteiros e até uma ilustração da Forbes. O post apenas mencionava a Forbes em termos vagos, com atribuição mínima. O CEO da Perplexity, Aravind Srinivas, atribuiu esses problemas a “arestas ásperas” de um novo produto e prometeu melhorar a atribuição no futuro.
Uma investigação recente da Wired revelou que os problemas da Perplexity vão além de simples mal-entendidos. A Wired encontrou evidências de que a Perplexity ignorou o Protocolo de Exclusão de Robôs, que os sites usam para controlar rastreadores automatizados. Descobriu-se que a Perplexity estava usando endereços IP não divulgados para raspar conteúdo de sites que tentavam bloquear seu rastreador. Após essas revelações, a Perplexity removeu referências ao seu pool de IPs da sua documentação.
A Forbes enviou uma carta de cessar e desistir para a Perplexity, e outros editores provavelmente seguirão o exemplo. Existem questões legais abertas sobre o uso de material protegido por direitos autorais para treinar modelos de IA, mas não há justificativa legal para a Perplexity usar imagens protegidas por direitos autorais de fontes como Getty e Wall Street Journal sem permissão.
Embora a Perplexity alegue estar “trabalhando” em acordos com editores, parece apostar que a IA generativa muda o cálculo moral a seu favor. É, portanto, uma questão ética e não técnica.
O guru da internet Tim O’Reilly propõe novos modelos de negócios onde empresas de IA paguem aos criadores com base no material que utilizam. Ele está implementando isso em sua própria editora, compartilhando a receita de assinaturas com autores quando a IA gera resumos ou outras obras derivadas baseadas em seus escritos.
O’Reilly argumenta que as empresas de IA deveriam adotar uma “arquitetura de participação”, pagando por conteúdo de alta qualidade para sustentar o desenvolvimento da IA. Os modelos de negócios atuais de IA, na na sua concepção, são autodestrutivos, pois a secagem das fontes de conteúdo prejudicará o futuro da IA.