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A ascendência do paganismo no politeísmo moderno

Embora seja frequentemente associado a antigas civilizações e culturas históricas, o politeísmo ainda existe na contemporaneidade, com seguidores e praticantes ao redor do mundo

Redação Culturize-se

As religiões não monoteístas modernas são influenciadas por muitas fontes, incluindo o paganismo. Embora algumas pessoas possam considerar as religiões pagãs como “primitivas” ou “pagãs”, elas têm uma história rica e uma filosofia que influencia muitas outras religiões existentes nos dias de hoje.

O paganismo refere-se a religiões politeístas praticadas por povos antigos, como os gregos, romanos, egípcios e celtas. Essas religiões estão enraizadas em tradições e hábitos culturais, geralmente têm deuses e deusas, espíritos da natureza, rituais e práticas de magia. As religiões pagãs são geralmente muito diversas e variam muito de acordo com a localização geográfica e a época histórica. Deste modo, os termos “pagão” e “paganismo” cobrem uma ampla gama de práticas religiosas que não são facilmente definidas.

No entanto, muitas das práticas pagãs foram incorporadas nas religiões não monoteístas modernas. As religiões wiccanas são um exemplo das religiões pagãs que são seguidas por muitas pessoas em todo o mundo hoje em dia. A wicca é uma religião moderna neopagã que tem raízes nas tradições pagãs. Na verdade, muitas das práticas wiccanas são inspiradas nas religiões pagãs antigas, como a celebração das mudanças sazonais e a crença na magia.

Outra religião não monoteísta influenciada pelo paganismo é a santeria, que é praticada principalmente na América Latina e tem raízes na religião iorubá da África ocidental. A santeria tem muitos rituais e práticas semelhantes ao paganismo, incluindo a crença em deuses e espíritos da natureza, e o uso de ervas e outros elementos naturais em práticas religiosas.

Além disso, muitas práticas pagãs, como a adoração da natureza e a meditação, foram incorporadas em muitas outras religiões modernas, como o Budismo e o Hinduísmo. Essas práticas têm ajudado a tornar essas religiões cada vez mais populares em todo o mundo.

Algumas pessoas criticam a influência do paganismo nas religiões modernas, argumentando que isso é uma forma de sincretismo e que dilui a pureza das tradições religiosas. No entanto, um contraponto válido é o reconhecimento de que as religiões são dinâmicas e evoluem ao longo do tempo. A incorporação de elementos do paganismo nas religiões modernas pode ser vista como uma tentativa de renovar e modernizar algumas tradições religiosas.

Podemos destacar outras religiões modernas que também foram influenciadas pelo paganismo:

  • Neodruidismo: É uma religião moderna que busca reviver e reinterpretar as crenças e tradições dos antigos druidas celtas. Essa religião tem como base a adoração da natureza, a crença em divindades da natureza e uma filosofia baseada no respeito pela terra e pelo meio ambiente. É possível ter algum contato com esse vertente religiosa por meio da série “Britânnia” (2018-2021), disponível no catálogo do Star+.
  • Asatrú: É uma religião que tem raízes na mitologia e nas tradições dos povos germânicos antigos. A palavra “asatrú” significa “fé nos deuses ancestrais” e essa religião é politeísta, com uma crença em divindades que se manifestam na natureza. A Islândia é frequentemente citada como um país com uma forte comunidade Ásatrú, com estimativas indicando que uma porcentagem significativa da população islandesa se identifica como Ásatrúar, seguidores de Ásatrú. A Islândia tem templos Ásatrú, como o Templo de Reykjavík (conhecido como Hof), que foi inaugurado em 2018. Além disso, a Islândia tem festivais pagãos, como o Ásatrúarfélagið, que é um evento anual de celebração e culto aos deuses nórdicos.
  • Rodnovery: É uma religião politeísta eslava que busca restaurar as tradições e crenças religiosas dos povos eslavos pré-cristãos. Essa religião tem como base a adoração de deuses e deusas, espíritos da natureza e antepassados.
  • Cao dai: É uma religião sincrética que tem raízes no Vietnã. Ela combina elementos do budismo, taoismo, confucionismo e do cristianismo com crenças e práticas locais. A religião tem uma crença em divindades e espíritos da natureza, incluindo uma figura central conhecida como “Supremo Poder Divino”.
Templo Cao Dai no Vietnã |Foto: Reprodução/Facebook

Para se aprofundar

Autoridade em história da religião com angulação no paganismo, o historiador inglês Ronald Hutton acaba sendo referência sempre que Hollywood vai se debruçar no tema. Infelizmente ele não foi traduzido para o Brasil, em virtude da falta de interesse pelo tema, mas é possível adquirir aqui suas obras em inglês.

Ele é conhecido por suas extensas pesquisas sobre paganismo, bruxaria e religiões neopagãs. Suas obras exploram a relação entre as antigas tradições pagãs e as práticas contemporâneas, bem como as influências históricas na formação das religiões modernas.

Muitos filmes, ambientados e produzidos em épocas distintas, abordam essa relação entre paganismo e politeísmo. Entre os exemplares ambientados na contemporaneidade figuram entre outros o premiado “A Viagem de Chihiro” (2001), dirigido por Hayao Miyazaki, que segue as aventuras de Chihiro em um mundo espiritual após seus pais serem transformados em porcos. Ela deve enfrentar deuses e espíritos enquanto tenta salvar seus pais e encontrar seu caminho de volta para casa. Outro exemplo é o cult “Midsommar: O Mal Não Espera a Noite” (2019). Nas imagens acima ainda podem ser conferidos “O Guerreiro Silencioso” (2009); “Os Deuses Devem Estar Loucos” (1980), uma comédia sul-africana que narra a história de Xi, um caçador da tribo San que encontra uma garrafa de Coca-Cola jogada de um avião e acredita que seja um presente dos deuses. O filme aborda a visão dos San sobre o mundo espiritual e suas crenças em seres superiores; além de “Apocalypto” (2006) e “Ágora” (2009).

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