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“Nasci para ser Dercy” faz justiça à vida revolucionária da artista

Kyra Piscitelli

Em julho vamos completar 15 anos sem Dercy Gonçalves (1907 – 2008). A artista falava em ser eterna e conseguiu. Viveu 101 anos e quebrou muitas barreiras como mulher, atriz, diretora e cantora. Como uma bela homenagem, a peça “Nasci pra ser Dercy” convida o público a ir além do estereótipo para desvendar de fato sua trajetória e evidenciar seu pioneirismo.

Em cena, Grace Gianoukas – que assim como Dercy é uma das maiores damas do humor que temos – dá vida a Vera, uma atriz que vai fazer teste para viver Dercy no cinema. Como artista, Vera se inspira em Dercy e cria seu próprio texto passando por momentos importantes da atriz: do teatro de revista ao sucesso, da fama de desbocada a incompreensão na pequena cidade onde nasceu.

Em uma vida trabalhando, que que como ela mesma dizia a “vida é luta”, “Nasci pra ser Dercy” se balanceia bem entre o humor e a emoção. O texto de Kiko Rieser – que também assina a direção – traz mensagens importantes na voz tanto de Vera como da atriz homenageada: fala da opressão às mulheres, julgamento, expõe o machismo e toca na feriada de forma leve – sem deixar de fazê-lo.

Foto: Heloísa Bortz

Construído de cena (sob o argumento de teste de papel), Grace se desdobra e encanta nos dois papéis. Com simplicidade como uma peruca, um cenário do Teatro de Revista (que remonta o início da trajetória de Dercy), holofotes e a voz em off de Miguel Falabella a peça acontece sem a pretensão de ser uma biografia de vestibular – e que bom.

Assim, “Nasci pra ser Dercy” entretém de verdade, fala sobre as revoluções que Dercy provocou só por ser quem foi, remonta cenas icônicas como em um conto e brinca com a plateia com a farsa que é o fazer teatral. Vale e muito ver Grace em um papel – que na verdade são dois – mais tradicional no teatro. Difícil, aliás, pensar em outra atriz para o papel.

“Nasci pra ser Dercy” quebra tabus, como fez a atriz homenageada em vida: fala de hipocrisia sem ser sério, é sério sem deixar de ser divertido. Um limiar difícil de se alcançar. É uma boa peça para quem gosta de rir e também para quem quer refletir. Curta temporada no Teatro Itália Bandeirantes, até 26/02.

Serviço:

Sessões: até 26/02

Onde: Teatro Itália Bandeirantes, Avenida Ipiranga, 344, República

Quando: Sextas (21h), Sábados (21h) e Domingos (19h) de fevereiro

Informações: https://bileto.sympla.com.br/event/79211/d/172762/s/1162463  ou https://www.instagram.com/nascipraserdercy/

Ficha Técnica

Texto e direção: Kiko Rieser

Atuação: Grace Gianoukas

Voz off: Miguel Falabella

Cenário e figurino: Kleber Montanheiro

Desenho de luz: Aline Santini

Trilha sonora original e arranjos: Mau Machado

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