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20 anos sem Joe Strummer, o líder do Clash

Tom Leão

Há 20 anos, numa manhã de dezembro, Joe Strummer voltou do passeio matinal com seu cãozinho, e morreu de infarto fulminante, dentro de casa, aos 50 anos (ele tinha um problema cardíaco congênito, não diagnosticado). O líder do Clash, foi a cabeça pensante do punk rock britânico, indo além da iconoclastia dos Sex Pistols. O Clash, era urgente.

   John Graham Mellor (21 de agosto de 1952 – 22 de dezembro de 2002), a.k.a. Joe Strummer, foi o co-fundador, letrista, guitarrista e co-vocalista do Clash (junto com o recém-falecido Keith Levene), formada em 1976. O Clash atingiu o auge com “Combat Rock”, 1982 (que os levou a excursionar em estádios, abrindo para The Who). Logo depois, a banda se desintegrou.

  A música do Clash, incorporou ska, dub, funk, reggae e rockabilly, coisa que Strummer, levou adiante, em sua carreira solo — e também em bandas como The Mescaleros e The Latino Rockabilly War. Strummer, também atuou em alguns poucos filmes, como “Mistery Train”, de Jim Jarmusch, e “Walker”, de Alex Cox. O cara, que chegou a ser coveiro nos tempos de dureza, foi introduzido (com o Clash) no Rock and Roll Hall of Fame, em janeiro de 2003. Em sua memória, os amigos e familiares criaram a Joe Strummer Foundation, organização sem fins lucrativos, que ajuda jovens músicos.

   Quando o Clash acabou de vez (após aquele esquecível canto de cisne, o álbum, “Cut the Crap”, 1985), os fãs de Strummer e cia, subitamente, ficaram órfãos de uma das maiores bandas de rock (punk ou não) que já habitaram este planeta. O guitarrista Mick Jones (que não participou de “Cut the Crap”, sorte dele), logo se agregou com uma galera bacana e criou o B.A.D. (Big Audio Dynamite), que tinha em suas hostes o lendário Don Letts, camarada que documentou toda a cena punk local, através de vídeos, e ainda na ativa. Topper Headon, o baterista, foi se tratar de seu vício em drogas. E o baixista Paul Simonon, após longo hiato, reapareceu como convidado especial da banda Gorillaz (a convite de Damon Albarn, no álbum ‘Plastic Beach’, 2010) e no supergrupo The Bad, The Good & The Queen, também formado pelo inquieto Albarn, vocalista do Blur.

   E, Strummer, foi fazer o quê? Se reinventou, através de trilhas para filmes. Tão logo ficou solo, colaborou com algumas faixas para “O Amor Mata” (‘Love Kills’, 1986), aquela cinebio do Sid Vicious (o baixista junkie dos Sex Pistols, interpretado por um ainda desconhecido Gary Oldman), dirigida por Alex Cox. Deste filme, uma música se destacou, a faixa-título “Love Kills”, que toca durante os letreiros de encerramento. A parceria com Cox, levaria Strummer, a não apenas tocar, como compor a trilha sonora inteira (todo o score), do próximo projeto de Cox, o biográfico ‘Walker’ (1987). De quebra, Strummer ainda teve um pequeno papel no filme, como o personagem Faucett.

Fotos: reprodução/About Joe Strummer

   Não seria sua última colaboração com Cox, e nem sua última aparição como ator. No mesmo ano, a dupla trabalhou junto no western-paródia “A Caminho do Inferno” (“Straight to Hell”), no qual, além de emprestar o nome de uma das músicas mais bacanas do Clash para o título original do filme, ele novamente atuou. Agora, num papel maior. E contracenando com a futura senhora Kurt Cobain — e líder da banda Hole –, Courtney Love. No embalo, Strummer, acabou fazendo uma ponta em ‘Mistery Train’ (1989), de Jim Jarmusch. Mas, foi em 1988, que Strummer realizou a que eu considero a sua melhor contribuição numa trilha sonora para cinema: a bordo de banda batizada Joe Strummer & The Latino Rockabilly War (com a qual gravou um único álbum, “Earthquake Weather”), ele compôs algumas faixas magníficas para “Permanent Record” (“Para sempre na memória”). Além da faixa-título instrumental (apenas como Joe Strummer), ele contribuiu com outras cinco, com a banda.

   Este, foi o auge da carreira de Strummer como ‘trilheiro’. Já que, ao longo dos anos 90, dedicou-se integralmente à sua nova banda, Joe Strummer & The Mescaleros (com a qual gravou vários discos). Neste período, fez apenas a trilha para um obscuro curta (‘Question d´honneur’, 1997) e uma colaboração, não-creditada, para “Matador em conflito” (‘Grosse point blank’, 1997). Encerrou os trabalhos, nesta senda de cinema, com o romance “Gipsy Woman” (2001). Infelizmente, poderia ter ido mais longe. Mas, felizmente, deixou um legado imenso.

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