“Megan” conta com colaborações de Victoria Monet, GloRilla, UGK, Big K.R.I.T., Kyle Richh e Yuki Chiba e apresenta vulnerabilidades e inflexões sem deixar de se comunicar com a geração TikTok
Redação Culturize-se
Megan Thee Stallion tem passado por uma jornada tumultuada desde o advento do primeiro Hot Girl Summer em 2019, marcada por lágrimas, traições, maior escrutínio da mídia e cyberbullying. Seus vibrantes alter egos, como Tina Snow, Hot Girl Meg e Suga, têm sido suas táticas mais formidáveis, cada um incorporando audácia, coquetismo e diversão. Em seu terceiro lançamento de álbum autointitulado sob a Hot Girl Productions, Megan enfrenta o maior desafio de ser ela mesma. Em uma indústria onde mulheres negras foram vilanizadas e seus problemas negligenciados, Megan embarca corajosamente na difícil tarefa de criar um álbum para entender quem Megan Pete é como artista.
“Megan” é seu álbum mais importante até agora, abordando críticos e comentaristas da internet que fingem ser A&Rs. Um tema recorrente, desde as capas dos singles até os videoclipes, vê Megan abraçando o motivo da cobra, o que confundiu seu público a princípio. O cenário é reminiscente de um sonho, apresentando um grande “M” estilizado como pano de fundo, combinando elementos naturais com iluminação e design futuristas. Essa representação visual de um humano se transformando em borboleta pode simbolizar crescimento pessoal, evolução artística ou entrada em uma nova fase da vida ou carreira.
A arte oficial apresenta Megan em um conjunto escuro e ajustado ao corpo com longos cabelos escuros caindo, sua pele exibindo um brilho luminoso. Essa imagem evoca temas de renascimento, transformação e surgimento, com a estrutura em forma de ovo sugerindo uma metáfora de eclosão ou nascimento. Toda a cena cria uma composição simétrica, transmitindo força e sensualidade.
Faixas infundidas com pop, repletas de temas de sexo, riqueza e celebração exuberante, indubitavelmente contribuíram para a imagem provocante e irrestrita de Megan. Sua habilidade de criar hits infecciosos e que agradam ao público é impressionante, mas o que realmente cativa as audiências é quando ela revela os aspectos vulneráveis, autênticos e complexos de sua vida, oferecendo um vislumbre das profundezas de sua personalidade.
A música “Rattle” é uma declaração assertiva de empoderamento e confiança inabalável. Ela começa com uma mistura envolvente de fanfarronice e reflexão sincera enquanto Megan afirma sua dominância sobre aqueles que a subestimam. “Cobra” é outro exemplo onde ela transmite suas lutas internas, exacerbadas por pressões externas e traições, especialmente em relacionamentos românticos. Esta faixa é uma exposição corajosa de seu tumulto, combinando profundidade emocional com sua ousadia característica.
Megan ainda entrega suas faixas energéticas usuais com “Where Them Girls At,” “Figueroa,” “Miami Blue,” “Down Stairs DJ” e “BOA,” prontas para o TikTok. Essas músicas a posicionam não apenas como uma artista de rap, mas como uma guru empoderada, hábil em navegar em arenas pessoais e profissionais. “Otaku Hot Girl” ostenta referências divertidas de anime, enquanto GloRilla se junta a ela na influenciada por Memphis “Accent.” Um destaque é UGK em “Paper Together,” onde Megan e Bun B deslizam através do beat pesado de baixo de Juicy J e Go Grizzly.
No entanto, há alguns deslizes neste álbum. “Worthy” apresenta uma faixa pop genérica com um refrão cantado por Megan que não se destaca. “Find Out” reformula “Do U” e inclui referências forçadas. Apesar disso, a presença formidável e o caráter assertivo de Megan brilham. Seu álbum homônimo a mostra em pleno vapor, obliterando críticos e oferecendo faixas que são descaradamente sensuais, cruas e notavelmente perspicazes.
“Cobra” exemplifica sua jornada de deixar o passado para trás e emergir mais forte, canalizando sua dor e traição em arte. A imagem da cobra é usada de forma eficaz ao longo do álbum, simbolizando força e renovação, reminiscente da era Reputation de Taylor Swift, mas com um toque mais pessoal e mordaz. A habilidade de Megan Thee Stallion de superar seus detratores enquanto revela suas vulnerabilidades faz deste álbum uma poderosa declaração de resiliência e crescimento.
