Redação Culturize-se
Nos últimos anos, a busca pela felicidade tem transcendido o âmbito do subjetivo para adentrar o domínio da ciência. Emergindo como uma disciplina interdisciplinar, a “ciência da felicidade” tem ganhado destaque globalmente, impulsionando o surgimento de cursos e programas dedicados a desvendar os segredos por trás da realização pessoal e do bem-estar social.
Com base em estudos de diversas áreas, como psicologia, neurociência, economia e sociologia, a ciência da felicidade tem sido disseminada de forma notável. A crescente demanda por qualidade de vida e bem-estar impulsionou a popularização deste campo, incentivando a divulgação de pesquisas que evidenciam os benefícios tangíveis da felicidade para a saúde física e mental.
No Reino Unido, cientistas da Universidade de Bristol desenvolveram um curso pioneiro no fim da década passada intitulado “Ciência da Felicidade”, objetivando proporcionar aos participantes hábitos e práticas fundamentadas em estudos de psicologia e neurociência que promovam o bem-estar e perpetuem a sensação de felicidade. Publicado recentemente na revista científica Higher Education, o estudo revelou que os participantes experimentaram uma melhoria significativa de 10% a 15% em seu bem-estar, mantendo-se estáveis ao longo do tempo por meio da aplicação contínua das estratégias aprendidas.
O curso, concebido como um guia para o florescimento humano, preconiza uma abordagem holística para a felicidade, enfatizando práticas como meditação, atos de bondade, qualidade do sono e apreciação dos aspectos positivos do cotidiano. Segundo os cientistas, tais estratégias não só promovem a felicidade individual, mas também fortalecem os laços sociais e a resiliência emocional.
Esse curso da Universidade de Bristol serve como base para diversos cursos que se proliferaram durante a pandemia no Brasil e no mundo em instituições de ensino à distância como Udemy, IPEB, Unicesumar, entre outras.
No Brasil, a FAE Business School tornou-se pioneira ao introduzir a disciplina “Ciência da Felicidade”, fundamentada em sólidas evidências científicas. Conduzida pelo professor Luiz Gaziri, a disciplina visa oferecer insights e soluções embasados na ciência, capacitando os alunos a conduzirem vidas mais plenas e satisfatórias. Gaziri, ao reunir conhecimentos de cientistas internacionais, como Mike Norton e Ryan Howell, enfatiza a importância de se expor a emoções positivas e cultivar um propósito de vida como pilares fundamentais para a felicidade duradoura.
O impacto da felicidade não se restringe apenas ao âmbito individual. Estudos demonstram que organizações que investem no bem-estar de seus colaboradores experimentam um aumento significativo na produtividade e na criatividade. Contudo, especialistas ressaltam que a busca pela felicidade deve ser uma jornada pessoal, ancorada em propósitos e valores individuais.
À medida que a ciência da felicidade ganha terreno, evidenciando a interconexão entre bem-estar pessoal e sucesso, surge a oportunidade de redefinir conceitos e práticas que promovam não apenas o crescimento econômico, mas também o florescimento humano em sua plenitude. Afinal, como enfatiza Gaziri, a felicidade é uma conquista de longo prazo, uma jornada em busca de significado e realização que transcende as fronteiras do tempo e do espaço.
O padrão finlandês
Na última semana foi divulgada pela ONU a edição 2024 do ranking dos países mais felizes do mundo e, embora o Brasil tenha melhorado sua posição, o que realmente chama a atenção é o fato da Finlândia ocupar o topo do ranking pelo sétimo ano consecutivo. A chave para a felicidade está na pouca desigualdade social e políticas públicas bem construídas e que funcionam.
O ranking, oportuno registrar, leva em conta dados econômicos e sociais, além de generosidade, liberdade e corrupção. Esta foi a primeira vez em quase 20 anos, ainda, que os EUA ficaram de fora do top 20, dominado por países europeus.
Na Finlândia, na Dinamarca e outros países escandinavos bem posicionados, a riqueza é distribuída de forma muito mais equilibrada, o que faz com que mais pessoas se beneficiem da riqueza gerada nesses países. Além disso, cada um deles apoia um Estado de bem-estar social que proporciona estabilidade psicológica. Ou seja, o índice de confiança nas entidades governamentais, bem como a segurança social contribuem para que haja mais pessoas felizes do que infelizes nesses países.