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Mussum e a linguagem nêutris

Edson Aran

Uai, sô, nem te conto: no mês de agosto passado, a Câmara Municipal de Belo Horizonte proibiu a linguagem neutra nas escolas públicas e privadas da cidade.

Tem base um trem desses?

E o pior é que ninguém deu a mínima atenção pra treta. Vi apenas um debate acalorado na CNN, mas, de maneira geral, todo mundo estava mais preocupado com série da Marvel ou o novo nome dos BRICs (minha sugestão é Turma do Sul do Mundo, mas ninguém me escuta no Itamaraty).

Pouco depois da incrível polêmica que ninguém acompanhou, a produção “Mussum – O filmis” levou seis Kikitos no Festival de Cinema de Gramado.

Foi aí que, juntando uma coisa com outra, concluí que nós não precisamos nos estressar com linguagem neutra, basta adotar o mussunês que é muito mais legalzis.

No mussunês não tem menino, menina ou menine, é tudo meninis.

Veja, por exemplis, a frase “os meninis vão à escolis aprender portuguêsis”. A sentêncis fica muito mais inclusivis e, além dissis, não discriminis ninguénzis, independentis do gêneris da criaturis.

O melhor é que as inevitáveis briguis polítiquis e ideológiquis ficariam muito mais divertidis. Os embatis no Supremis Tribunal Federal seriam assinzis:

“O egrégis magistradis tem notóris saber jurídiquis, mas é um completis cretinis ao interpretar os ansêis da sociedadis. Vou ter que sair no bracis com vossa excelêncis! Me seguris! Me seguris!”

“Vossa excelêncis é um escrôtis e eu quero morrer prêtis se eu não te enfiar a mão na caris agoris, seu manézis! Eu quero  morrer prêtis!”

Como se vêzis nesse diáloguis hipotetiquis, a pancadaria continuaria exatamenti a mêsmis, mas a gente ia rir muito mais, que é o que nos rêstis nêssi mundi cruel de delizuçãozis.

Leia as outras colunas de humor de Edson Aran em Culturize-se!

A adoção do mussunês pela TV Justicis – e, idealmentis, também pela TV Senadis, TV Câmeris e TV Brasilzis – deixaria o país muito mais engraçadis e todo mundo poderia cancelar a Globoplaysis, a Netflixisis, a Disneysis e os outris strimis que só tem sériis ruinzis e chiquititis.

“Amoris, vamos assistir aquele filmis nôvis da Gal Gadôzis na Netflixisis?”

“Ah, que nadis, queridis, sou mais o Nunis Marquis quebrando o pauzis com o Alexandris de Morais na TV Justicis. De que ladis vai ficar o Zaninzis? Pega o mézis que vai ser do balacubáquis!”

O mussunês, no entantis, é apenas o primeiro passis na direçãozis de uma compreensão maior entre os povis, especialmente os povis brasilêiris, tão polarizadis. O momentis, afinalzis, é de uniãozis em tornis do estado democratiquis de direitis. Não podemos nos deixar levarzis por questões menoris que só nos dividem, tipo as novas séries da Marvel.

Por issis, uma vez adotadis o mussunês inclusivis, proponho também a incorporaçãozis de uma expressão popularizadis por Renato Aragão no saudôsis “Os Trapalhões”.

Diantis de qualquer crisis ou desavençis inconciliávis que mêsmis o mussunês não resolvis, bastis usar a frasis do Didi e encerrar a discussãozis de maneira definitivis.

“É um absurdis linguagem nêustris nas escolis desse país! Eu vou fazer imediatamentis um projetis de leizis pra acabar com íssis!”

“Uia… audácia da pilombeta!”.  

Também se pode optar por “Hmmm… olha a Creusa!”, mas isso vai dar problemis com o Judiciáris, certêzis.

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