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Vem aí um novo MCU (Universo Cinematográfico da Mattel)

Empresa de brinquedos, proprietária da marca Barbie, gostou da brincadeira de fazer filmes e aposta na sinergia que tornou a Marvel um player gigante do entretenimento para ir mais longe do que a Hasbro – dos Transformers – no cinema

Redação Culturize-se

Com “Barbie” nos cinemas ratificando-se como um dos eventos culturais de 2023, a Mattel, empresa que criou a Barbie e outros brinquedos como Hot Wheels, Uno e View-Master, já mira nos desdobramentos corporativos possíveis e desejáveis. O principal deles? A criação do próprio universo, não necessariamente compartilhado como dita a moda, cinematográfico.

Já há diversos projetos em desenvolvimento. O principal deles é “Barney”, com o vencedor do Oscar Daniel Kaluuya. Que está sendo vendida em Hollywood como surrealista, algo que remeta aos filmes de Charlie Kaufman e Spike Jonze. “Estamos abraçando a angústia milenar da propriedade em vez de ajustá-la para crianças”, disse à The New Yorker Jeremy Barber, agente que representa Greta Gerwig, a diretora de “Barbie” e está bem inteirado dos planos da Mattel. “É realmente uma aposta para adultos. Não que seja classificado como R, mas focará em alguns dos desafios e tribulações de ser um adulto de trinta e poucos anos, crescendo com o Barney – apenas o nível de desencanto dentro da geração.”

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Foto: Divulgação

Outros treze filmes foram anunciados publicamente pela empresa, incluindo filmes sobre He-Man e Polly Pocket; outros quarenta e cinco estão em desenvolvimento. Tom Hanks deverá estrelar “Major Matt Mason”, que será baseado em um action figure de astronauta que foi em grande parte esquecida, exceto pelo fato de ter ajudado a inspirar Buzz Lightyear – um dos protagonistas da franquia “Toy Story” da Pixar.

A estreia com uma meta-comédia como “Barbie” e o envolvimento com cineastas e aposta em projetos adultos mostra que a Mattel tem ambições nada modestas e, além de arrecadar bilhões nas bilheterias, como fez a Hasbro com a franquia “Transformers”, vai atrás do prestígio crítico e de prêmios que a Marvel arranhou, mas não alcançou – pelo menos até agora.

A Mattel não está inventando a roda aqui. Até a Lego já se experimentou no cinema, mas o flanco aberto por “Barbie” é realmente diferente. “É uma coisa ótima que nossos grandes atores e cineastas criativos vivam em um mundo em que só se possa fazer grandes apostas em conteúdo de consumo e produtos em massa?”, reflete Barber. “Eu não sei. Mas é o negócio. Então, se é isso que as pessoas vão consumir, vamos torná-lo mais interessante, mais complicado”, ponderou.

A Mattel insiste que seus filmes não são projetados para impulsionar as vendas de brinquedos, mas a sinergia corporativa é inegável. Os bonecos de ação do Major Matt Mason ressurgiram na Comic-Con do ano passado, e o He-Man retornou às lojas de brinquedos. Após o anúncio do “Barney” de Kaluuya, a Mattel – que havia adquirido os direitos do dinossauro roxo em uma aquisição, mas nunca havia produzido brinquedos relacionados – relançou a marca. Durante uma recente apresentação para investidores, foram revelados planos para uma “série animada pré-escolar” do Barney, que seria seguida por um filme, música, roupas e, é claro, uma nova linha de brinquedos.

Retomando o controle

A Mattel havia licenciado suas principais propriedades para uma variedade de estúdios, e Ynon Kreiz, que assumiu como CEO em 2018, o quarto em quatro anos, estava determinado a recuperar os direitos da “Barbie” da Sony, onde uma abordagem satírica da boneca estava em desenvolvimento há muito tempo, passando por estrelas como Anne Hathaway e Amy Schumer. Kreiz acredita que um filme que ridicularizasse a Barbie teria sido desastroso para a marca. À The New Yorker afirmou: “A Barbie é aspiracional, inspiradora – não algo que você queira transformar em uma paródia”, ele disse. Dentro de dois meses de sua nomeação, o controle da Barbie voltou para a Mattel, e Kreiz teve uma reunião com Margot Robbie. Com o interesse de Robbie, a Warner Bros. veio logo depois.

A parodia, para eventual desgosto de Kreitz, não está completamente fora do escopo do filme de Gerwig, mas a Mattel resolveu correr o risco, compartilhado com a Warner. Antes mesmo da estreia, com memes, recordes e toda a conversa que “Barbie” deflagra, a aposta parece ter valido a pena.

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