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“Barbie” e as pressões pela agenda feminista

Redação Culturize-se

O subtexto feminista é inerente em um filme dirigido por Greta Gerwig e produzido por Margot Robbie, que como produtora tem peneirado estórias com esse verniz, casos de “Eu, Tonya” (2017), “O Escândalo” (2017) e “Bela Vingança” (2020), mas conforme a estreia do longa se aproxima, 20 de julho no Brasil, e 21 de julho na maior parte do mundo, ficam mais evidentes as pressões para que o filme abrace uma agenda feminista. E nem mesmo os responsáveis pela obra cinematográfica parecem estar na mesma página quanto a isso.

Robbie Brenner, a primeira produtora executiva da Mattel Films, braço cinematográfico da outrora fabricante de brinquedos e agora uma empresa de propriedades intelectuais, de acordo com a Time, disse que o filme dirigido por Greta Gerwig “não era feminista” e sua percepção encontrava eco na Mattel. Margot Robbie não só não concordou como quis saber, ainda segundo a reportagem da Time, quem teve essa percepção.

Foto: Reprodução/Time

Quem disse isso?” ela teria perguntado, antes de expor sua opinião sobre se o filme poderia ser rotulado como feminista. “Não é que seja ou não seja. É um filme. É um filme que tem tantas coisas”.

Para engrossar ainda mais o caldo da polêmica, ninguém na Mattel estava disposto a comentar porque uma versão do filme com Amy Schumer não avançou. E aqui é importante um adendo. Antes de Margot Robbie se juntar ao filme “Barbie” e trazer Greta Gerwig e Noah Baumbach para escrever o roteiro, Amy Schumer estava originalmente escalada para estrelar o projeto. Em 2016, a Sony Pictures detinha os direitos de “Barbie” e escalou Schumer para um filme baseado em uma ideia original de Hilary Winston. Schumer e sua irmã planejavam fazer alterações no roteiro, mas ela deixou o filme menos de um ano depois devido a “conflitos de agenda”.

No entanto, em uma entrevista recente, Schumer revelou que foram realmente “diferenças criativas” que levaram à sua saída do projeto e deixou implícito que faltaria feminismo no texto. Ela expressou empolgação pela nova equipe e pela abordagem feminista. Schumer havia mencionado anteriormente que a Sony não queria fazer o filme da maneira como ela desejava, e isso acabou levando à sua decisão de sair. O projeto “Barbie” desde então foi transferido da Sony para a Warner Bros., com Margot Robbie adquirindo os direitos e contratando Gerwig e Baumbach para escrever o roteiro.

Diversidade em “Barbie”

Embora tenham havido e continuem a existir divergências sobre a natureza do filme, a equipe criativa de Barbie e a Mattel aparentemente concordaram sobre a seleção de elenco inclusivo, que reflete a expansão da linha Barbie e Ken da Mattel na metade da década de 2010. O esforço de modernização adicionou diferentes tons de pele, tipos de cabelo e tamanhos de corpo à marca de brinquedos de longa data, totalizando 175 Barbies diferentes, reafirmando plenamente uma das mensagens de longa data da marca: que ela e suas compradoras podem ser tudo o que aspiram ser.

Margot Robbie na press tour de "Barbie"
Foto: Reprodução/Instagram

Para Robbie, essa expansão da linha foi fundamental para que ela aceitasse fazer o filme. “Se a Mattel não tivesse feito essa mudança para ter uma multiplicidade de Barbies, eu não acho que teria querido tentar fazer um filme da Barbie”, diz ela. “Eu não acho que você deva dizer: ‘Esta é a única versão do que Barbie é, e é isso que as mulheres devem aspirar a ser e parecer e agir como’.”

A comediante Kate McKinnon, que vive a Barbie Estranha, à Time, fez uma observação interessante. Para ela, o filme “comenta de forma honesta sobre os sentimentos positivos e negativos” associados à marca Barbie para aqueles que compraram a boneca, tornando-o “uma crítica cultural incisiva”. Para Issa Rae, que interpreta a Barbie Presidente, sua “preocupação” era que o filme “pudesse parecer muito feminista branco”, mas ela acredita que ele é autoconsciente.

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