Reinaldo Glioche
Foram anunciadas na manhã desta segunda-feira (9) as indicações para a 82ª edição do Globo de Ouro, prêmio que passou por profundas mudanças nos últimos anos, com inclusão de novos quadros entre os votantes, mudança de razão social, entre outros.
Marcada para 5 de janeiro, a entrega dos prêmios terá atenção especial dos brasileiros já que “Ainda Estou Aqui” concorre entre os filmes de língua não inglesa e Fernanda Torres foi lembrada entre as atrizes dramáticas.
A presença do filme brasileiro na lista engrossa uma tendência deste ano. A forte influência dos festivais de cinema. Filmes egressos de Cannes e Veneza dominam a lista. “A Substância”, “Tudo que Imaginamos como Luz”, “O Aprendiz”, “Anora” e “Emília Perez”, que lidera a disputa com 10 nomeações, saíram de Cannes; enquanto “O Brutalista”, “Queer”, “Ainda Estou Aqui”, “O Quarto ao Lado”, “Maria”, “Babygirl” e “September 5” debutaram em Veneza. Há, ainda, produções egressas de outros festivais como Sundance (“Sing Sing” e “Um Homem Diferente”) e Telluride (“Conclave” e The Last Showgirl”).
Trata-se de uma configuração bem distinta daquela que popularizou a premiação como a preferida dos estúdios de Hollywood. O cinemão está presente com “Duna: Parte II” e “Wicked”, que conseguiram indicações nas categorias principais, mas claramente não figuram entre os favoritos.
Nesse sentido, o Globo de Ouro intenciona voltar a gravitar em torno do Oscar como um termômetro fidedigno. Embora também reclame para si a função de precursor, o que justifica indicações como a de Pamela Anderson por “The Last Showgirl”, Daniel Craig por “Queer” e de Coralie Fargeat (“A Substância”) entre os diretores.
É uma ambição legítima e de certa forma entusiasmante, mas que talvez aproxime mais a premiação, que não é mais concedida pela HFPA (Associação dos correspondentes de Hollywood) dos prêmios da crítica do que dos da indústria. Será interessante acompanhar como essas bifurcações existenciais se darão.
Sem favoritos?
Uma das características da corrida pelo Oscar 2025 está sendo o fato de não haver um front-runner declarado, embora haja certezas. Uma delas que “Emília Perez” é uma das paixões da temporada. amado e desprezado em igual medida, o longa de Jacques Audiard amealhou 10 indicações ao prêmio e se tornou o mais indicado de todos os tempos na categoria Comédia/Musical. Apenas “Nashville”, de Robert Altman, em 1976, que recebeu 11 nomeações, tem mais em cinema como um todo.
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“O Brutalista” e “Conclave” parecem ser os candidatos mais polidos e encorpados na categoria de drama. Sebastian Stan, Selena Gomez e Kate Winslet conseguiram ser indicados duplamente ao Globo de Ouro, mas o feito de Stan é mais destacável já que ele conseguiu indicações na categoria de ator principal em cinema na ala dramática, por “O Aprendiz” e na ala cômica com “Um Homem Diferente”.
A Netflix voltou a liderar a corrida em número de indicações – vale lembrar que o streaming distribui “Emília Perez” nos EUA, mas não possui os direitos internacionais do longa.
Embora líder na corrida pela TV, aa empresa vê a concorrência do FX nas categorias de drama e comédia. Os favoritos são do FX, “Shogun”, em drama, e “O Urso”, em comédia. Já na categoria de minissérie ou série limitada, a empresa é favorita com sobras com “Bebê Rena”, embora “Disclaimer”, do AppleTV+, possa surpreender.
Fato é que o Globo de Ouro procurou novidades em meio à estagnação nas séries de TV. “O Dia do Chacal”, entre os dramas, e “Ninguém Quer” e “Magnatas do Crime”, ambas da Netflix, entre as comédias, são boas adições ao line-up, mas insuficientes para tirar o ar de marasmo que se anuncia para os escolhidos.