O astro escocês domou a fórmula do filme B melhor do que outros expoentes do gênero como Nicolas Cage e Bruce Willis e continua performando bem nas bilheterias sem ceder às propriedades intelectuais que dominam o cinemão
Reinaldo Glioche
Tom Cruise ainda emana seu star power em franquias construídas em cima de sua persona, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger migraram para o streaming, Nicolas Cage refugiou-se no olimpo dos filmes B e Keanu Reeves ajudou a criar uma grife do cinema de ação com a franquia John Wick. Um astro, porém, carrega o piano do cinema de ação oitentista com vigor: Gerard Butler.
O ator escocês está com 53 anos e não goza da mesma proeminência em Hollywood do início da primeira década do século XXI, quando estrelou o épico “300” (2006) e até mesmo se aventurou em romances como “PS: Eu te Amo” (2007) e “A Verdade Nua e Crua” (2009) e comédias de ação como “Caçador de Recompensas” (2010), mas permanece como um porto-seguro para os fãs de um cinema escapista que parece em desuso no ecrã hollywoodiano contemporâneo.
Ele até protagoniza uma franquia, das mais acidentais e inusitadas do cinema, mas que resiste a ideia de se descaracterizar por completo como “Velozes e Furiosos”, que começou como uma série de ação, também um tanto acidental, e hoje é algo tão anabolizado como inclassificável.
A série de filmes protagonizada pelo agente do serviço secreto Mike Banning – “Invasão a Casa Branca” (2013), “Invasão a Londres” (2016) e “Invasão ao Serviço Secreto” (2019) – é o que de mais “Duro de Matar” temos no cinema atual (um novo filme está em pré-produção).
Seus filmes continuam sendo lançados nos cinemas, diferentemente de outros astros de ação que tem muitas das obras lançadas diretamente em VOD, e uma boa média de bilheteria tanto nos EUA como internacionalmente.
“Missão de Sobrevivência”
Seus últimos quatro filmes tiveram boa performance nas bilheterias dos EUA e do Brasil. “Alerta Máximo”, que estreia em julho no Amazon Prime Video, chegou a liderar o box office americano. Seu novo filme, “Missão de Sobrevivência”, estreia dia 27 de julho nos cinemas brasileiros e mescla à ação um componente de thriller político, mas sem se levar muito a sério.
No filme, depois de ter sua missão e identidade reveladas, Butler, que vive um mercenário a serviço da CIA, e seu tradutor, interpretado por Navid Negahban (“Homeland”), iniciam uma corrida por sobrevivência no deserto do Afeganistão. Encurralados em um território hostil, eles vão fazer de tudo para sair do deserto enquanto fogem de forças de elite inimigas e de espiões internacionais que querem matá-los.
As duas grandes sequências de ação da produção – um tiroteio estiloso com óculos de visão noturna e um clímax à luz do dia cheio de explosões e caminhões capotando – são empolgantes, remetendo a um cinema clássico. O filme é, portanto, reconhecível para os fãs de Butler enquanto traz elementos novos, embora ornados em sentimentalismo, na figura da relação do personagem do ator com seu tradutor.
O longa marca a terceira colaboração do diretor Ric Roman Waugh com Gerard Butler após os sucessos “Destruição Final: O Último Refúgio” e “Invasão ao Serviço Secreto”. Como produtor, o escocês tem se mostrado arguto na maneira como viabiliza projetos e protege sua filmografia em meio a um pandemônio de propriedades intelectuais em Hollywood.