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R.I.P Keith Levene, o anti-Guitar Hero, fundador anônimo do Clash e também do Public Image LTD

Tom Leão

Keith Levene, o guitarrista inovador que foi membro fundador do Clash e do Pil (Public Image Ltd), morreu, na sexta-feira 11 de novembro de 2022, aos 65 anos. Levene, que tinha câncer de fígado, morreu em sua casa em Norfolk, deixando um imenso legado de influência na música rock britânica. Ele foi um guitarrista que criou uma nova sonoridade para o pós-punk britânico (aquele som meio ‘chorado’, que às vezes lembrava um corte de faca) e influenciou vários de sua geração. Entre eles, o excelente John McGeoch, do Siouxsie & The Banshees.

 
   Sua enorme influência na cena musical pós-punk foi sentida por músicos de toda a parte. Entre seus fãs, está o guitarrista do Red Hot Chili Peppers, John Frusciante, que descreveu seu estilo como ‘espetacular’, e que ‘ele explorou as possibilidades do que você pode fazer com a guitarra’. Indeed. Keith Levene, trabalhou com o RHCP em 1986, quando produziu as demos do que viria a ser o álbum “The Uplift Mofo Party Plan”. Mais de 20 anos depois, o som das guitarras de Levene era ouvido em bandas contemporâneas, como Bloc Party e Radio 4.

Foto: Reprodução/Rolling Stone


   Levene, poucos sabem, foi um dos membros fundadores do Clash, junto com o guitarrista Mick Jones e o baixista Paul Simonon, quando ele tinha apenas 18 anos. Foi Levene, junto com o empresário do Clash, Bernard Rhodes, que pediu a Joe Strummer, vocalista do grupo jazzy 101ers na época, para se juntar a eles. Felizmente para o Clash, Strummer tinha acabado de ver um show dos Sex Pistols, e se convenceu de que o punk era o caminho a seguir. O resto, como se diz, é História.


   Levene, que nasceu Julian Keith Levene, em Muswell Hill, norte de Londres, permaneceu no Clash o tempo suficiente para aparecer nos primeiros shows e contribuir para canções, incluindo “What´s my name” que está no álbum de estreia de 1977. Mas ele se afastou da direção cada vez mais política do Clash e passou a ter maior sucesso com o PiL, no qual realmente atuava como um mentor/maestro. Quando os Sex Pistols se separaram, em janeiro de 1978, o cantor John Lydon (anteriormente conhecido como Johnny Rotten) e Levene formaram a nova banda com o baixista John Wardle (conhecido como Jah Wobble). Aliás, Levene e Wobble eram a potência sonora do PiL, cabendo a Lydon ser a imagem (pública).

   O primeiro álbum do Pil, “First Issue” (1978), teve boa recepção quando lançado, e foi precedido pelo clássico single “Public Image”, que alcançou o Top 10 no UK. A introdução desta música, com as brilhantes guitarras de Levene, o colocam como um dos melhores singles de estreia de todos os tempos. O segundo álbum, ‘Second Edition’ (depois conhecido como ‘Metal box’, por vir dentro de uma lata), de 1979, é considerado um clássico pós-punk. O PiL levou novas inventivas formas ao som pós-punk, com toques de dub (muito), jazz freeform e até de música clássica ao pop. Aliás, é da faixa que encerra este disco, “Radio 4”, que vem o nome da banda que citei.

   No Pil, Levene não cuidava apenas das guitarras, mas, também, dos sintetizadores (o som assustador de “Careering”, é dele). Keith comandou o som do sintetizador também em “The Flowers of Romance” (1981), que foi seu terceiro e último trabalho lançado com o PiL (divergências internas o fizeram deixar a banda, que guinou para um som, digamos, mais comercial). Mas, ele seguiu tocando com Wobble em diversos projetos. Aliás, Flowers of Romance, é o nome da primeira banda (punk) de Levene, que teve gente que, no futuro, seria do Clash (ele mesmo), Slits (Palm Olive e Viv Albertine), Adam & the Ants (Marco Pirroni) e dos Sex Pistols (Sid Vicious).

  Keith Levene foi, sem dúvida, um dos arquitetos do som pós-punk. Nos últimos anos, ele estava trabalhando em um livro sobre o PiL com o escritor Adam Hammond. Infelizmente, o câncer o levou antes que concluísse o trabalho. Vamos aguardar para ver se Hammond findará e lançará o material. R.I.P.

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