Reinaldo Glioche
Um dos atores mais talentosos e versáteis de sua geração, Adam Driver, 41, é também um dos mais concorridos. Desde que foi revelado no seriado “Girls” (2012-2017) empilhou colaborações com cineastas de prestígio como Martin Scorsese, Clint Eastwood, Spike Lee, Noah Baumbach, Terry Gillian, Jim Jarmusch, Ridley Scott, Michael Mann, entre outros. Além de ter recebido duas indicações ao Oscar.
Driver é um ator intuitivo, extremamente adaptável e capaz de transitar por gêneros com desenvoltura. São qualidades que cineastas experimentados valorizam bastante. O que chama a atenção em sua filmografia mais recente é a inclinação a personagens irascíveis; que navegam entre a hipermasculinidade e uma vulnerabilidade interiorizada. Teimosos, mas visionários; argutos intelectualmente, mas imaturos emocionalmente.
Esses predicados irmanam o arquiteto Cesar Catilina de “Megalópolis” ao Enzo Ferrari de “Ferrari” e encontram sinergia em outros personagens recentes do ator como Maurizio Gucci (“Casa Gucci”) e Jacques Le Gris (“O Último Duelo”).
Driver virou um ator cult muito rapidamente, em parte pela própria gênese de seu sucesso, a já citada série da HBO, mas suas escolhas profissionais reforçaram esse status. Em paralelo, a percepção de ser “um feio bonito”, parece ter-lhe direcionado para esses papéis em que a masculinidade é um preposto de sua própria existência.
Embora não seja o tipo de ator afeito a um arquétipo de personagem, como Ben Stiller, Sylvester Stallone, Robert De Niro na fase madura da carreira, entre outros, Adam Driver parece entusiasmar cineastas que precisam de um modelo de masculinidade que o cinema contemporâneo parece incapaz de produzir e isto nada tem a ver com virilidade e intransigência. É uma comunicação por subtextos derivada de um magnetismo muito particular. É, para valer-se de um paralelismo simplório, como o elemento cool que Robert Downey Jr. trouxe ao MCU.