Brasil perde leitores em 2024, mas receita com livros aumenta

Redação Culturize-se

full length of man sitting on floor
Foto: Pexels

A 6ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil revelou um cenário preocupante: pela primeira vez, o número de não leitores (53%) ultrapassou o de leitores (47%) no País. Desde 2015, o percentual de leitores caiu gradativamente, passando de 56% para os atuais 47%. Apesar disso, a Bíblia se mantém como o livro mais lido e marcante para os brasileiros, refletindo tanto a importância religiosa quanto cultural desse título no Brasil.

Enquanto o hábito de leitura enfrenta desafios, o mercado livreiro mostra sinais de recuperação. Segundo o 11º Painel de Varejo de Livros, realizado pela Nielsen Book, o setor registrou crescimento em receita e volume no último trimestre. Em 2024, foram comercializados 3,9 milhões de livros entre 7 de outubro e 3 de novembro, gerando R$ 193,53 milhões, um aumento de 11,31% no faturamento em relação ao mesmo período de 2023. Embora o acumulado anual ainda registre queda em volume, a recuperação em receita é animadora, indicando uma possível reversão da tendência negativa.

Os hábitos de leitura variam significativamente entre as regiões do país. O Nordeste apresentou o menor percentual de leitores em 2024, com 43%, enquanto o Ceará se destacou como o único estado da região onde mais da metade da população (54%) é considerada leitora. Por outro lado, estados como Rio Grande do Norte, com apenas 33% de leitores, revelam desafios estruturais e culturais para fomentar o hábito de leitura.

Mesmo com a redução geral no número de leitores, o segmento de livros religiosos segue em alta. A distribuidora Plenitude, especializada em publicações cristãs, prevê um crescimento de 30% nas vendas de Bíblias em 2024, refletindo a forte demanda por esse tipo de material.

Obstáculos à Leitura

Entre os principais motivos para o declínio no hábito de leitura, 46% dos entrevistados da pesquisa apontaram a falta de tempo como a maior barreira. Outros fatores incluem a preferência por outras atividades (9%), falta de paciência para ler (8%) e o cansaço (7%). O preço dos livros, mencionado por 5%, e a falta de interesse (4%) também aparecem como dificuldades significativas.

Ainda assim, há oportunidades para reverter esse quadro. A recuperação do mercado editorial, com crescimento de faturamento e lançamentos estratégicos em segmentos específicos, pode contribuir para um cenário mais positivo. Além disso, iniciativas regionais, como programas de incentivo à leitura no Ceará, podem servir de modelo para outras regiões.

Apesar dos desafios, o mercado livreiro brasileiro demonstra resiliência, especialmente em nichos como publicações religiosas, que continuam crescendo. Para enfrentar o declínio no hábito de leitura, é fundamental investir em políticas públicas de incentivo, como bibliotecas acessíveis, campanhas de valorização da leitura e a integração de livros no cotidiano educacional e cultural. Combinados, esses esforços podem não apenas sustentar o mercado editorial, mas também promover uma sociedade mais leitora e engajada.

Deixe um comentário