Exposição no Itaú Cultural vê a moda como foco de afetos

Redação Culturize-se

Foto: Divulgação

A exposição “Artistas do vestir: uma costura dos afetos”, em cartaz no Itaú Cultural, convida o público a explorar a moda sob uma perspectiva expandida, que vai além das roupas como objetos vestíveis. Com curadoria de Carol Barreto e Hanayrá Negreiros, a mostra apresenta mais de 80 peças de 70 artistas, distribuídas pelos três andares do espaço expositivo na Avenida Paulista, cada um dedicado a um tema: Ancestralidades, Contemporaneidades e Fazeres Contínuos.

A moda é abordada como uma linguagem artística e política, refletindo identidades e narrativas. Segundo Sofia Fan, gerente de Artes Visuais do Itaú Cultural, a exposição propõe enxergar a moda como um instrumento para questionar estruturas sociais e manter vivas memórias e afetos. Esse diálogo se manifesta em peças que vão desde as criações da estilista indígena Irekran Kaiapó, que incorpora saberes ancestrais transmitidos por sua mãe, até as instalações contemporâneas de artistas como Vittor Sinistra, que aborda o conceito de loucura a partir de sua experiência no SUS.

No piso dedicado às Ancestralidades, trabalhos como o de Ekedy Sinha, criadora de roupas para mães de santo no candomblé, destacam o papel essencial da moda na preservação de tradições culturais. A comunidade Yuba, de origem nipo-brasileira, também é representada por criações que conectam passado e presente.

Já no espaço Contemporaneidades, as peças provocam reflexões sobre temas urgentes como raça, gênero e sustentabilidade. Um exemplo é a obra Máscara Branca, de Fause Haten, que reaproveita materiais de criações passadas para explorar novas camadas de significação. O Projeto Ponto Firme, liderado por Gustavo Silvestre, ganha destaque ao apresentar o impacto social da moda, promovendo a reintegração de detentos no mercado de trabalho por meio de peças de crochê, algumas das quais já desfilaram na São Paulo Fashion Week.

Por fim, em Fazeres Contínuos, a moda como ato criativo e manual é evidenciada em obras como Lembrança 1984, do pernambucano Ellias Kaleb, que transforma cartas de amor de seus pais em uma estampa. Peças sustentáveis feitas de tecidos reciclados, como as de Cllaudia Soares, reforçam a interseção entre inovação e consciência ambiental.

Além das peças, a mostra incorpora filmes e debates, estimulando o público a refletir sobre o impacto cultural e afetivo da moda. Gratuita, “Artistas do vestir” é um convite para revisitar a moda como uma costura entre arte, memória e identidade coletiva. A exposição se estende até 23 de fevereiro.

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