Redação Culturize-se
A exposição Indomináveis Presenças está em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) em Brasília, ocupando o Pavilhão de Vidro até 12 de janeiro de 2025. Idealizada pela AfrontArt – Quilombo Digital de Artes, com patrocínio do Banco do Brasil e fomento da Lei Rouanet, a mostra reúne 114 obras de 16 artistas oriundos de diferentes territórios brasileiros. Com classificação indicativa livre e entrada gratuita, o evento propõe uma imersão em narrativas estéticas que emergem das margens das artes visuais do país.
A exposição explora a pluralidade de corpos racializados e dissidentes, abordando temas como amor, ancestralidade, maternidade, paternidade, gênero e a própria história do Brasil. As obras, que incluem gravuras, fotografias, pinturas, esculturas, performances e peças geradas com inteligência artificial, evidenciam perspectivas que desafiam o olhar colonial e oferecem um novo imaginário sobre a cultura brasileira. Segundo as curadoras Luana Kayodè e Cíntia Guedes, o objetivo é criar uma ecologia simbólica que celebre e emancipe a vida negra, indígena, queer e outras experiências marginalizadas.
A curadoria optou por artistas que vivenciam a realidade do apagamento histórico, mas que, com suas produções, constroem narrativas de afirmação e resistência. Dentre as obras expostas, destacam-se as criações de Mayara Ferrão, que explora a felicidade de casais de mulheres através da inteligência artificial, e Bernardo Conceição, com sua série Pelo direito de amar no Brasil do jeito que eu quero. Também se sobressaem os trabalhos dos maranhenses Panamby, que remetem a rituais, e Gê Viana, que aborda o cotidiano afro-indígena.
Além de ser uma celebração artística, Indomináveis Presenças levanta questões sociais profundas, como a violência enfrentada por corpos pretos e trans no Brasil. A expectativa de vida da população trans no país, de apenas 35 anos, torna ainda mais significativo o protagonismo de jovens artistas presentes na exposição.
Para Luana Kayodè, a mostra também reflete a diversidade do colorismo brasileiro, que vai do preto retinto ao indígena, trazendo uma discussão necessária sobre território e identidade racial. “Estamos longe de um letramento coletivo”, aponta a curadora, ressaltando a importância de posicionamentos individuais e do respeito às diferenças.
Indomináveis Presenças é um chamado à reflexão, propondo um deslocamento de olhares e celebrando corpos e vozes historicamente marginalizados.