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Balé Ayó estimula letramento racial na periferia de São Paulo

Redação Culturize-se

Foto: Divulgação

O Brasil é um país marcado pela desigualdade social, e as mulheres negras das periferias são as mais afetadas. Dados do IBGE indicam que 56,1% da população brasileira é composta por pessoas pretas e pardas, sendo que, nas periferias, essa representatividade é ainda maior. Nesse cenário, iniciativas como a da ONG PAC (Projeto Amigos da Comunidade), com mais de 21 anos de atuação, são fundamentais. Atuando em áreas de extrema vulnerabilidade social como Pirituba, São Domingos e Jaraguá, em São Paulo, a ONG desenvolve o programa AfroPAC, que promove a equidade racial e atende mais de 400 famílias por meio de oficinas gratuitas.

Entre os projetos, destaca-se o Balé Ayó, que significa “alegria” em iorubá. Composto exclusivamente por bailarinos negros, o grupo tem como objetivo trabalhar a autoestima e o empoderamento de crianças e adolescentes racializados por meio da dança. Segundo Agatha Minas, coordenadora do AfroPAC, o programa resgata a ancestralidade negra e incentiva a valorização da identidade. O Balé Ayó permite que os bailarinos se apresentem com seus cabelos afro soltos e utilizem sapatilhas e meias em tons que respeitam sua tonalidade de pele, garantindo que se sintam representados e fortalecidos.

Leia também: Letramento racial na educação brasileira

Jaqueline Vitória Luz, de 18 anos, encontrou no balé um refúgio diante das dificuldades financeiras e do racismo. Moradora de Pirituba, Jaqueline ingressou no projeto aos 10 anos, onde descobriu forças para superar desafios familiares e pessoais. “Eu não gostava do meu cabelo, mas no balé aprendi a amar quem sou e a me empoderar”, conta. Além de participar do Balé Ayó, a jovem integrou o programa Jovem com Futuro, que lhe abriu portas no mercado de trabalho. Hoje, Jaqueline trabalha como jovem aprendiz e apoia financeiramente sua família.

Thawany Cristina Silva Pereira, também de 18 anos, teve uma trajetória semelhante. Vítima de bullying na escola por conta de seu cabelo cacheado, ela encontrou no Balé Ayó um espaço de aceitação e empoderamento. “No balé, eu me sentia livre. Aprendi a me aceitar e levei esse aprendizado para ajudar minha irmã mais nova”, afirma. Além da dança, Thawany também participou do programa Jovem com Futuro, onde descobriu sua afinidade com a área de administração. Atualmente, ela atua como jovem aprendiz e planeja cursar faculdade de administração.

O programa AfroPAC e, especialmente, o Balé Ayó, vão além da dança. Eles oferecem um espaço de transformação social, letramento racial e fortalecimento da identidade. Tanto Jaqueline quanto Thawany destacam a importância da ONG PAC em suas vidas, reforçando que o apoio recebido foi essencial para enfrentarem o racismo e ampliarem suas perspectivas de futuro. Esses projetos demonstram que iniciativas voltadas à valorização da cultura negra podem transformar vidas, criando um impacto positivo nas comunidades periféricas e contribuindo para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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