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“Continente” e “A Herança” revelam a pujança do cinema de gênero brasileiro

Redação Culturize-se

Muito se fala, com razão, de “Ainda Estou Aqui”, mas outra façanha do cinema nacional é digna de nota. Estão em cartaz neste mês dois filmes de terror nacionais: “A Herança, de João Cândido Zacharias, e “Continente”, dirigido por Davi Pretto. Ambos exploram temas sombrios, trazendo histórias de mistério e horror ancoradas em questões familiares e sociais. O lançamento de dois títulos do gênero representa um avanço significativo para o cinema brasileiro, que busca ampliar sua presença em um mercado de nicho.

Em “A Herança”, João Cândido Zacharias faz sua estreia como diretor em uma produção que reúne o sobrenatural com questões emocionais intensas. O filme é estrelado por Diego Montez, que interpreta Thomas, um jovem que herda a casa de uma avó que nunca conheceu. A história se desenvolve quando Thomas e seu namorado, vivido pelo ator francês Yohan Levy, começam a suspeitar de que algo obscuro espreita a tranquila propriedade rural. “A Herança” foi exibido em diversos festivais, incluindo o Festival do Rio e a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, e estreia nos cinemas brasileiros em 21 de novembro.

Para Zacharias, “A Herança” é um projeto pessoal, que explora os vínculos familiares e os traumas do passado. “O filme é uma conjunção de muitas coisas que fizeram eu me apaixonar pelas narrativas audiovisuais”, afirma o diretor. Ele também compartilha que perdeu a mãe durante o processo de desenvolvimento do roteiro, uma experiência que trouxe profundidade emocional à trama. A produção, segundo ele, foi enriquecida pela contribuição artística do elenco e da equipe, que, em suas palavras, estavam “em profunda sintonia com o que a história propunha”.

Já “Continente” apresenta uma narrativa distópica e inquietante, centrada na volta de Amanda (Olivia Torres) ao Brasil depois de 15 anos vivendo no exterior. Acompanhada de seu namorado francês, Martin (Corentin Fila), ela retorna para cuidar do pai, em coma, na fazenda da família. A presença do casal em meio a um vilarejo isolado no sul do país, somada à morte do proprietário da fazenda, desencadeia tensões perturbadoras entre os trabalhadores e a comunidade local, colocando Amanda e Martin em meio a um sinistro acordo que envolve os habitantes e a fazenda.

“Continente” recebeu reconhecimento internacional, participando de festivais como Sitges, na Espanha, e foi premiado com o troféu de Melhor Direção na categoria Novos Rumos do Festival do Rio. Para Pretto, a escolha de atores de várias partes do Brasil e de fora, como Argentina e França, foi estratégica para refletir o choque de culturas e heranças no filme.

Cena de “Continente” | Foto: Divulgação

Esses lançamentos marcam a ascensão do terror nacional e mostram o potencial do cinema brasileiro para contar histórias universais com uma perspectiva cultural única. “A Herança” e “Continente” não são os primeiros, nem os únicos exemplares do terror nacional a povoar 2024, mas é deverás interessante que estreiam próximo um do outro. Essa coincidência revela a pujança criativa do cinema de gênero brasileiro.

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