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Casa Triângulo destaca exposição que discute a estabilidade física do corpo

Redação Culturize-se

Juliana Cerqueira Leite em seu ateliê | Foto: arquivo pessoal

Está em cartaz na Casa Triângulo, em São Paulo, a exposição “Outras Simetrias”, uma mostra inédita da escultora brasileira Juliana Cerqueira Leite, radicada em Nova York. Conhecida por explorar o corpo humano através da escultura, Juliana desafia a percepção tradicional ao criar obras que questionam a estabilidade física do corpo, utilizando recortes e justaposições para sugerir novas presenças e dimensões. Em “Outras Simetrias”, seus desenhos e esculturas exploram aspectos latentes do corpo humano, trazendo à tona um universo visual que emerge do gesto e da aparição.

A artista usa seu próprio corpo para criar moldes com atadura gessada, replicando poses espelhadas que são, em seguida, cortadas e fundidas, rompendo com lógicas preexistentes e ampliando as possibilidades de reflexão sobre o corpo como um conceito em transformação. As esculturas resultantes lembram carcaças e casulos, transitando entre o humano e o animal, como figuras que habitam um espaço de mutação constante, evocando imagens oníricas e uma estética de alucinação poética.

No texto crítico que acompanha a exposição, Bianca Coutinho Dias conecta o trabalho de Juliana com figuras como Eva Hesse, Donna Haraway e Lygia Clark, destacando como suas obras exploram o corpo em relação ao espaço e à instabilidade. Para Coutinho Dias, Juliana tateia a fronteira entre o orgânico e o inorgânico, tocando na ideia de corpo híbrido e questionando conceitos rígidos de forma e presença. O corpo, na obra de Juliana, é intrinsecamente instável, refletindo um “eu que é outro”, como nas reflexões do filósofo Jean-Luc Nancy.

Foto: Filipe Berndt

A obra de Juliana é ainda comparada à experiência relatada pela antropóloga Nastassja Martin no livro “Escute as Feras“, onde um encontro violento com um urso na Sibéria simboliza uma fusão de identidades, numa jornada que transcende o dualismo humano-animal e se abre à alteridade.

Juliana Cerqueira Leite, formada pela Slade School of Fine Art de Londres e vencedora de prêmios como o Kenneth Armitage e a Bolsa da Fundação Pollock-Krasner, expôs em instituições como o Sculpture Center em Nova York, o KW Institute em Berlim e o Pavilhão Antártico da Bienal de Veneza. Representada pela Casa Triângulo e outras galerias internacionais, ela também atua como crítica visitante no programa de escultura da Yale School of Art. Sua mostra em São Paulo, com acesso gratuito, fica em cartaz até 21 de dezembro.

A Casa Triângulo

Fundada em 1988 por Ricardo Trevisan, a Casa Triângulo é uma das galerias de maior relevância na cena contemporânea brasileira, conhecida por seu programa experimental e pelo compromisso em promover jovens talentos ao lado de artistas consagrados. A sede atual, inaugurada em 2016 nos Jardins, foi projetada pelo Metro Arquitetos e possui arquitetura que dialoga com a cidade, enfatizando a fluidez entre o espaço interno e a praça externa.

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