Redação Culturize-se
A crise climática que vivemos não se expressa apenas nos sinais evidentes da seca, queimadas e poluição. Ela é, na verdade, um reflexo de uma desconexão mais profunda entre nossa existência e o ambiente que habitamos. Repensar nossas cidades torna-se, então, uma questão filosófica sobre a forma como escolhemos viver e nos relacionar com o mundo. Vítor Oliveira, renomado pesquisador em morfologia urbana, nos convida a considerar a importância de conhecer as forças que moldaram nossas cidades para que possamos, com sabedoria, planejar o futuro. “As cidades continuam a intensificar a crise climática, consumindo energia em níveis alarmantes. A forma como organizamos esses espaços afeta diretamente o modo como consumimos recursos”, afirma Oliveira.
Suas palavras revelam uma verdade essencial: a forma urbana não é um mero detalhe arquitetônico, mas uma expressão das escolhas que fazemos enquanto sociedade. A cidade, enquanto organismo vivo, influencia e é influenciada pelas dinâmicas da vida social, ambiental e econômica. Para Oliveira, a morfologia urbana oferece uma lente crítica para entender essas relações e traçar novos caminhos. “As especificidades das cidades brasileiras, assim como as de muitos países do Sul Global, estão entrelaçadas com forças globais. Há uma interdependência que reflete tanto nossas fragilidades quanto nosso potencial de transformação”, reflete o pesquisador.
Sua obra, “Morfologia Urbana: um estudo da forma física das cidades”, propõe uma visão multidisciplinar, explorando a interseção entre a forma física das cidades e questões centrais como mobilidade, desigualdade social e meio ambiente. A compreensão profunda da forma urbana nos permite, segundo Oliveira, conceber novas formas de coexistência com o planeta, onde o planejamento e a gestão sejam instrumentos de mudança. O desafio está em traduzir esse conhecimento em práticas concretas, capazes de criar cidades mais justas, humanas e sustentáveis.