Reinaldo Glioche
O documentário “Sinfonia da Sobrevivência”, dirigido por Michel Coeli, retrata a devastação das queimadas no Pantanal e terá sua estreia na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa em 17 de outubro. Com foco nos incêndios que, ano após ano, consomem o bioma, o filme adota uma perspectiva subjetiva, colocando o espectador como testemunha dos esforços de brigadistas, bombeiros, veterinários e voluntários para salvar a fauna e combater o fogo no Mato Grosso.
Um dos personagens centrais do documentário é o coronel Barroso, bombeiro aposentado que lidera as ações de resgate e de fornecimento de água e alimentos para os animais sobreviventes e desidratados. A narrativa imersiva afasta-se do tradicional formato jornalístico, oferecendo uma experiência sensorial do impacto devastador das queimadas.
Coeli, conhecido por registrar zonas de guerra e crise humanitária, compara o sofrimento dos animais com as consequências de conflitos humanos: “São situações diferentes de sofrimento, mas ambas causadas pela ação do homem e pela inércia dos Estados”. Ele destaca como o problema persiste mesmo quando a cobertura midiática cessa, revelando que a devastação contínua afeta a fauna devido à falta de recursos naturais.
Em 2020, um dos anos mais críticos para o Pantanal, cerca de 26% da vegetação foi consumida pelo fogo, e os incêndios, em sua maioria provocados por ações humanas, afetaram milhões de animais. O impacto dessas queimadas ultrapassa a perda da biodiversidade, comprometendo também a saúde humana e o fornecimento de recursos essenciais, como a água.
“Sinfonia da Sobrevivência”, ainda sem previsão para estreia comercial, será exibido em três sessões durante a Mostra: no dia 17, no Reserva Cultural, e nos dias 21 e 25, no Cinesystem Frei Caneca.