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Fotografia de arquitetura se tornou repetitiva, diz a fotógrafa Hélène Binet

Redação Culturize-se

Hélène Binet, uma renomada fotógrafa de arquitetura, acredita que a fotografia contemporânea de arquitetura se tornou repetitiva, em grande parte devido aos arquitetos priorizarem imagens rápidas e polidas em detrimento de interpretações criativas. Binet, que trabalhou com arquitetos de destaque como Zaha Hadid, Peter Zumthor e Daniel Libeskind, passou 40 anos capturando a essência dos edifícios, muitas vezes fotografando em filme preto e branco. Ela lamenta a mudança na indústria em direção à padronização, afirmando: “Os arquitetos costumavam estar realmente interessados em ter artistas trabalhando em seus projetos e queriam uma forte interpretação [do trabalho]. Agora, a maioria das imagens parece a mesma.”

A fotógrafa de arquitetura Hélène Binet
A fotógrafa de arquitetura Hélène Binet | Fotos: Divulgação

Binet considera que muitas imagens contemporâneas são tecnicamente excelentes, mas carecem de profundidade. “São tão perfeitas que você não entra nelas – você fica de fora”, explica, enfatizando como o mundo acelerado de hoje, impulsionado pelas redes sociais, contribuiu para essa superficialidade. Segundo ela, a necessidade de consumo rápido levou a um “achatamento” da expressão criativa, tornando mais difícil distinguir os estilos individuais dos fotógrafos.

Apesar dessas mudanças, Binet defende que uma parte essencial de ser fotógrafo é “manter o olhar fresco”. Ela incentiva a ver um edifício “quase como se fosse a primeira coisa que você viu na vida”, enxergando a fotografia como uma oportunidade de redescobrir e reinterpretar espaços familiares. Para ela, o ato de fotografar arquitetura não se trata apenas de documentar, mas também de desmontar e remontar espaços para revelar seus detalhes ocultos. “Eu mostro coisas, mas também deixo você imaginar o que não vê. Se eu mostrar apenas metade de uma curva, você começa a se perguntar: ‘o que é isso e por que está ali?'”

A inspiração de Binet vem de fotógrafos pioneiros como Lucien Hervé, cuja colaboração com Le Corbusier moldou sua compreensão da fotografia de arquitetura como uma profissão e uma forma de arte. A influência de Hervé a ajudou a adotar a fotografia em preto e branco, que ela descreve como uma maneira de criar abstração e permitir um envolvimento mais interpretativo. “No começo, eu usava muito o preto e branco para criar essa abstração que permite mais perguntas. Agora eu amo cores, mas no início era realmente esse desejo de não dizer muito, de deixar espaço para imaginar.”

Outra influência significativa no trabalho de Binet foi o arquiteto suíço Peter Zumthor, que a ensinou a apreciar o ambiente no qual um edifício está inserido. “Ele é tão cuidadoso com isso, tem um entendimento tão profundo e amor pelo local”, relembra Binet em entrevista à Deezen. Essa sensibilidade ao entorno impactou profundamente sua abordagem de capturar a arquitetura de uma forma que respeita sua conexão com a natureza.

Binet acredita que a fotografia de arquitetura exige “paciência e força”. Para ela, um projeto bem-sucedido requer múltiplas visitas ao local para entender como a luz e o clima interagem com o edifício. “Um bom projeto precisa de pelo menos duas visitas ao mesmo lugar. Não há mágica – o clima, a luz, etc. – mas você começa [com a visita], imprime, vê se funciona ou não.”

Seu conselho para jovens fotógrafos é simples, mas poderoso: “Confie na sua energia quando você é jovem – é uma energia muito especial. Dentro de você há um momento muito poderoso. Confie e vá em frente. Seja confiante!” Essa filosofia reflete o compromisso de Binet em fomentar a criatividade em um mundo cada vez mais impulsionado pela uniformidade.

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