Edson Aran
Democracia?! Ah, isso pra mim é grego! É mesmo. A proposta de resolver divergências com diálogos apareceu na Grécia do século 5 a.C.
Povo interessante, o grego. Empreendedores e inventivos, eles também criaram a filosofia, o iogurte cremoso e o desfile de escolas de samba, como vimos no filme “300”. This is Spaaaartaaaa! E os persa, os persa, essa gentinha perversa, veio pisando em Termópilas… Olha a bateria do Mestre Leônidas aí, geeente.
Antes da invenção democracia era muito difícil conciliar pontos de vista diferentes. Alguém falava: “O reflexo da lua nos poços d’água prova que o planeta tem curvatura, logo a Terra é redonda”. E outro respondia: “Cala a boca, terrabolista comunista a serviço do Foro de Atenas! Prepare-se para encontrar Cérbero no Tártaro, miserável!”
Com democracia, a pancadaria geral foi substituída pelo insulto verbal. Não vale facada, cadeirada, tiro, porrada e bomba. Mas também não pode chamar o adversário de estuprador, satanista ou dizer que a mãe dele é mais bigoduda que a Frida Kahlo. Democracia não é um monte de gente mascarada trocando sopapos e desaforos. O nome disso é Luta Livre. Democracia é outra coisa. É difícil, nós sabemos, mas para o sistema funcionar é preciso conviver com pessoas estúpidas, idiotas, burras ou tapadas que, no entanto, têm o direito de votar e serem votadas.
Conversar civilizadamente é sempre mais saudável, embora a maioria da população mundial ache isso uma frescura. Segundo um ranking feito ano passado pela revista The Economist, 92.2 da humanidade vive debaixo de autocracias, teocracias ou cleptocracias.
O infeliz que desconhece a democracia não tem a mínima ideia do que seja a livre manifestação de ideias. Na verdade, ele sequer tem ideia do que seja “ideia”, especialmente se ela é “livre” e “manifesta”.
Leia também: Matthew McConaughey abraça a filosofia e se firma como autor best-seller
Um regime democrático perfeito precisa de um sistema eficiente de “pesos e medidas” que avisa quando alguém passou do ponto e precisa ir pra academia malhar um pouquinho. Nenhum poder (judiciário, legislativo ou executivo) pode se sobrepor ao outro e todos os cidadão são iguais perante a lei, mesmo quando tem amigos do peito na Suprema Corte.
A lado bom da democracia é que qualquer um pode ser presidente. O lado ruim é exatamente a mesma coisa.
Apesar disso, não tem nada mais gostosa do que ela, com a possível exceção da Anitta. Falar nisso, a cantora também é o exemplo perfeito de como o sistema funciona: é preciso rebolar, rebolar e rebolar. Noite e dia sem parar.