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40 anos de “Stop Making Sense”, o melhor concerto já filmado

Tom Leão

Stop making sense
Fotos: Divulgação

A versão remasterizada de “Stop Making Sense” (cujo filme e sua equivalente trilha sonora completaram 40 anos!) chegou aos cinemas do Brasil no final de agosto, depois de ter sido relançada nos cinemas dos EUA, em 4k. Ele documenta uma das fases mais criativas da banda americana Talking Heads (hoje, extinta), dona de hits como ‘Psycho killer’ (redescoberta pelas novas gerações), ‘Burning down the house’ e ‘Once in a lifetime’ (um dos melhores clipes do começo da MTV e minha favorita). Com direção do falecido cineasta vencedor do Oscar, Jonathan Demme (de “O silêncio dos inocentes”), o filme foi relançado em salas selecionadas e também em salas IMAX pelo Brasil (um feito e tanto), e, agora, está chegando aos serviços de VOD, embora ainda permaneça em sessões especiais nos cinemas.

  Vencedor de Melhor Documentário na National Society of Film Critics (1985), “Stop Making Sense” é considerado pelos críticos, até hoje, como o melhor filme-concerto de todos os tempos (encostado ali com o “The Last Waltz”, do Scorsese, que já comentamos aqui). Ele acompanha os Talking Heads em seu auge, na época do lançamento do álbum ‘Speaking in tongues’, quinto trabalho de estúdio, em três apresentações em dezembro de 1983, no lindo Pantages Theater, em Hollywood (apesar de ser uma banda genuinamente novaiorquina).
  
  Talking Heads é uma banda que surgiu em Nova York, e que fez sucesso nas décadas de 70 (mais no finalzinho) e 80, e fez parte da chamada geração CBGB, o mítico clube onde todo um movimento local de bandas punk/new wave, como Ramones, Blondie e os próprios T-Heads tiveram um de seus primeiros palcos e plateia. Formada por David Byrne (nos vocais), Tina Weymouth (excelente baixista), Chris Frantz (baterista e marido de Tina, cozinha perfeita) e Jerry Harrison (guitarrista), é conhecida por sua inovação e mistura de estilos como new wave (eram legítimos representantes), punk rock (porque surgiram no CBGB e o som, a princípio, era bem cru e  minimalista), funk (sobretudo, com o acréscimo de nomes como o tecladista Bernie Worrell e o percussionista Steve Scales, nos shows, inclusive no filme) e world music (foi das primeiras bandas a trazer elementos afro para o seu som).

  Com álbuns aclamados como ‘Fear of music’ (1979) e ‘Remain in light (1980), ambos produzidos pelo mago Brian Eno, e dono de sucessos perenes como os já citados ‘Psycho killer’ e ‘Once in a lifetime’ (além de outros, como ‘Road to nowhere’ e ‘Memories can wait’, que não estão no filme), Talking Heads trouxe letras diferentes e apresentações ao vivo inovadoras (daí, ter sido chamado por parte da crítica de art band), recebendo, enfim, em 2021 o prêmio Grammy de Contribuição em Vida, um dos mais importantes da premiação, por causa do legado artístico, mesmo após o fim da banda em 1991. Após o fim, Byrne (que é reticente quanto a um retorno), desenvolveu uma bem sucedida carreira solo. O casal Tina e Chris, por alguns anos, manteve a banda Tom Tom Club, de sucesso mundial (inclusive no Brasil, onde já se apresentaram, enquanto que jamais vimos os T-Heads por aqui; Byrne, vem sempre), dona do delicioso hit ‘Genius of Love’.

  Assisti ao filme-concerto, pela primeira vez, numa sessão especial do FestRio, no ano de lançamento, 1984. O show, começa de modo minimalista – apenas com Byrne em cena, cantando ‘Psycho killer’, acompanhado de bateria eletrônica — e vai se expandindo aos poucos (com a entrada de cenários e dos equipamentos de som). Em 15 minutos, já temos uma mega banda no palco, além do quatro originais. É tudo simples, com algumas projeções e sem iluminação exagerada. Aos 60 minutos do show, rola palhinha do Tom Tom Club, com ‘Genius of love’. Na volta, acontece o momento em que Byrne usa um terno maior do que ele (enquanto executa ‘Girlfriend is better’ de onde vem a frase que dá nome ao show, stop making sense), que acabou se tornando um dos momentos icônicos do rock. É quase impossível não querer dançar e cantar junto com o filme. Eles, musicalmente, põem a casa abaixo em 90 minutos de som, sem bis. Afinal, isso é coisa de show clichê.

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