Reinaldo Glioche
As ações da Universal Music, a empresa de música mais poderosa do mundo, despencaram no fim de julho após executivos revelarem uma queda na receita. O diretor financeiro Boyd Muir atribuiu a desaceleração à redução no crescimento da receita de assinaturas, destacando especialmente que grandes parceiros como Apple e Amazon têm enfrentado dificuldades para atrair novos assinantes. Em outras palavras, o crescimento do streaming está diminuindo.
Embora a indústria tenha conhecimento dessa tendência há pelo menos um ano, a admissão franca ainda abalou Wall Street. A boa notícia para a indústria da música é que o streaming, seu segmento mais lucrativo, não está em declínio—está apenas crescendo mais devagar. A era de crescimento rápido acabou, e a indústria entrou em um período de expansão mais lenta. As empresas de música agora enfrentam o desafio de se adaptar a essa nova realidade. Em resposta, elas cortaram pessoal e se reorganizaram para aumentar os números a curto prazo.
Para diversificar as receitas, as empresas de música estão explorando caminhos além do streaming, como turnês, merchandising e edições especiais de vinil. No entanto, elas têm controle limitado sobre essas áreas. As gravadoras ganham pouco com as vendas de turnês, e o merchandising é um negócio de baixa margem de lucro.
A estratégia mais óbvia para as gravadoras é maximizar o valor de seus catálogos de músicas em colaboração com parceiros existentes. Serviços de streaming, plataformas de mídia social, empresas de fitness e editoras de videogames já estão pagando bilhões para acessar esses catálogos. O CEO da Universal Music, Lucian Grainge, pressionou as plataformas de streaming a combater a fraude e aumentar os preços, com o objetivo de aumentar a receita.
No entanto, as gravadoras não podem obrigar as plataformas de streaming a agir. Empresas como Spotify, Apple e Amazon ajustarão os preços no seu próprio ritmo. Embora o aumento dos preços possa gerar mais receita, isso pode não beneficiar todos os músicos de maneira igual. A ideia de retirar músicas de um grande serviço de streaming para pressioná-lo é teoricamente possível, mas arriscada, pois significaria sacrificar bilhões em receita.
Apesar das tensões históricas entre as empresas de tecnologia e as gravadoras, seus interesses estão de certa forma alinhados. Serviços de streaming como Spotify e Amazon Music querem aumentar sua base de clientes e aumentar a receita por usuário, o que, se bem-sucedido, também beneficiaria as gravadoras. No entanto, ainda não se sabe se essas empresas conseguirão reacender o crescimento. Enquanto o Spotify está trabalhando em um nível premium, não há consenso entre a empresa e as gravadoras sobre as melhores funcionalidades. Enquanto isso, a Apple e a Amazon estão focadas em outras iniciativas, deixando a indústria da música em busca de uma solução clara para a desaceleração do streaming.