Redação Culturize-se
A Galatea Salvador abre suas portas para a segunda exposição, “Bahia Afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho”, uma imersão visual, em cartaz até 28 de setembro, que celebra a cultura afro-brasileira através das lentes da fotografia de Bauer Sá e das esculturas em madeira de Gilberto Filho. A mostra, que marca a estreia de Gilberto em uma exposição individual, destaca-se não apenas pela diversidade de técnicas e temáticas, mas também por seu compromisso em promover um diálogo sobre o protagonismo negro na arte contemporânea.
O primeiro núcleo da exposição apresenta 30 fotografias de Bauer Sá, capturadas entre os anos 1990 e 2000, que exploram a riqueza da ancestralidade afro-brasileira. Suas obras não apenas refletem aspectos raciais e divindades africanas, mas também posicionam o corpo negro como protagonista de suas narrativas visuais. Entre os destaques está a série “Nós”, onde Sá aborda politicamente a presença negra em espaços de liderança, como exemplificado na icônica “White Shoe” (1990).
Já o segundo núcleo revela o universo criativo de Gilberto Filho através de aproximadamente 15 esculturas em madeira, concebidas desde 1992 até os dias atuais. Influenciado pela tradição familiar na marcenaria e carpintaria, Gilberto transforma a madeira em arte, criando cidades utópicas e modernas que mesclam o passado ancestral com visões futuristas. Suas esculturas, entalhadas meticulosamente em pregos e madeira, refletem não apenas uma técnica apurada, mas também uma narrativa que transcende o tempo e o espaço.
A exposição, estruturada com o apoio crítico de Ayrson Heráclito e Beto Heráclito, ambos reconhecidos por seu trabalho de valorização da cultura afro-brasileira, busca não apenas enaltecer a arte de Bauer e Gilberto, mas também provocar reflexões sobre o afrofuturismo como uma estética comprometida com o ativismo negro. Segundo os curadores, “Bahia Afrofuturista” oferece múltiplas camadas de interpretação, explorando conceitos como corporeidade e espacialidade de maneira afirmativa e afrocentrada.
Para Bauer Sá, a exposição representa não apenas um reconhecimento de seu trabalho, mas também uma oportunidade de compartilhar suas vivências e observações sobre a cultura afro-brasileira através de sua arte fotográfica. “É muito importante para mim ver o reconhecimento do meu trabalho ao lado do de Gilberto Filho, especialmente em um espaço que celebra a diversidade e a criatividade negra”, destaca o fotógrafo.
Por sua vez, Gilberto Filho expressa sua gratidão pelo apoio e aceitação do público em sua primeira exposição individual. “Adoro fazer o que faço e sempre tive a visão de criar arte que misturasse o antigo com o futuro. Ver meu trabalho sendo apreciado é um grande incentivo para continuar explorando novas possibilidades na escultura em madeira”, revela o artista, que aos 71 anos encontra na Galatea Salvador um espaço para compartilhar sua visão de um futuro possivelmente utópico, mas profundamente enraizado na história e na cultura baiana.
A exposição “Bahia Afrofuturista: Bauer Sá e Gilberto Filho” está aberta ao público na Galeria Galatea Salvador, localizada na Rua Chile, oferecendo não apenas uma mostra de arte, mas um convite para uma jornada visual que atravessa tempos e fronteiras, unindo passado, presente e futuros imaginados através das lentes e entalhes desses dois artistas visionários.