Reinaldo Glioche
A Sony anunciou há poucos dias a compra da Alamo Drafthouse, uma rede de cinemas especialmente popular entre os cinéfilos por sua comida, cervejas artesanais e programação.
Especialistas da indústria estavam esperando por esse momento desde que os Estados Unidos acabaram com um decreto que proibia estúdios de serem donos de cinemas, algo muito popular na era de ouro de Hollywood. Embora Netflix e Amazon tenham adquirido um cinema aqui e ali, nenhum estúdio se manifestou para comprar uma grande rede, o que seria caro e trabalhoso. Os estúdios querem colocar seus filmes em todos os cinemas imagináveis, não apenas nos que possuem.
Mas comprar a Alamo faz muito sentido para qualquer empresa que queira transformar a ida ao cinema em um evento – algo alinhado àquela perspectiva ensejada por Steven Spielberg de que com a popularização do streaming, as pessoas só irão ao cinema para ter uma experiência cinematográfica singular.
Muitos pensaram que a Disney seria a primeira a fazer isso. Não é difícil imaginar um cinema da marca Disney onde toda a comida, jogos, filmes e outras experiências sejam personalizados para seus super fãs. É a única empresa de mídia com uma verdadeira base de fãs que gasta dinheiro em seus parques temáticos. A Netflix está avançando neste segmento, enquanto a Universal tem parques, mas os fãs não são tão devotados à Universal como marca.
O movimento da Sony, que não tem plataforma de streaming própria, não apenas reforça sua crença na sala de cinema, como aponta um caminho para o futuro de blockbusters. Em 2024, mesmo eles estão sofrendo no inclemente primeiro fim de semana, casos de “O Dublê” e “Furiosa”. A incrementação da experiência cinematográfica pode ser uma saída para a persistente crise no modelo de negócio que Hollywood criou para si mesma.