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Teatro-performance, “Eu Sou um Monstro” examina monstruosidade interior

Redação Culturize-se

Na véspera da estreia de uma importante exposição, um artista encontra seu namorado morto e decide deixar o corpo no local para não comprometer o grande dia. Essa história intrigante, vivida pelo pintor anglo-irlandês Francis Bacon (1909–1992), inspirou Fause Haten a criar a performance “Eu Sou um Monstro”. A peça está em sua segunda temporada em São Paulo, até 30 de junho, no Teatro Vivo, após sua estreia em abril de 2024 no Sesc Pompeia.

Eu Sou um Monstro
Fotos: Bruno Lemos

Tudo começou com uma palavra. Fause Haten, artista multifacetado, ficou profundamente impressionado com o relato e escreveu um conto ficcional. Eventualmente, surgiu a ideia de adaptar a narrativa para o teatro. Haten começou a realizar leituras individuais para amigos atores e diretores de teatro, sempre gravando e roteirizando as sessões, improvisando o restante da obra.

“Eu Sou um Monstro” alcançou seu formato final e fez uma temporada na Casa Rosa Salvador em 2022. Na prática, o universo do conto foi expandido para um teatro-performance site-specific, adaptável a cada espaço onde é encenado.

Sobre a encenação

Fause Haten visa proporcionar ao público uma experiência única, onde nada é garantido. A rotina de um espetáculo teatral pode ser subvertida, e a mágica do teatro emergirá de formas inesperadas. “Talvez as projeções de imagens do espetáculo aconteçam dentro da cabeça do espectador. ‘Eu Sou um Monstro’ se apresenta como teatro, mas poderia ser uma exposição ou uma performance de artes visuais. Mas o trabalho é mais do que isso”, comenta Haten.

Como estilista, Fause também performa em seus desfiles. Como ator, cria textos, cenários e figurinos. As artes plásticas permeiam seu trabalho, e nesta peça, todas as formas de arte se entrelaçam.

Elementos visuais

A performance inclui fotos-performances com o rosto de Fause modificado por diferentes materiais, como fitas, cordões e adesivos. Essas imagens provocam distorções, buscando revelar um “novo” rosto ou um interior desconhecido.

O espetáculo explora as inquietações de um artista sobre a arte. “Quando eu li ‘Os Anormais’, de Michel Foucault, que relaciona o exame psiquiátrico ao direito penal e analisa casos de monstruosidade criminal, percebi que, substituindo ‘monstro’ por ‘artista’, o sentido se mantinha. Assumo que somos monstros: deixamos as pessoas sem ar e fazemos coisas inimagináveis. Sou um artista e quero redesenhar o mundo!”, declara Haten.

Eu sou um Monstro

Fause Haten é um artista reconhecido na moda e nas artes cênicas. Desde 2006, expandiu seus horizontes para as artes, graduando-se no Teatro Escola Célia Helena em 2010. Atuou em peças como “A Feia Lulu” (2014) e “Lili Marlene Um Anti Musical” (2017), onde escreveu, dirigiu e atuou. Sua pesquisa artística sempre relacionada ao corpo, que usa como matéria-prima principal, explorando performance, vídeo, fotografia, escultura, e pintura.

“Eu Sou um Monstro” promete uma experiência inovadora e inesquecível, onde todas as expectativas podem ser subvertidas, levando o público a uma nova percepção da arte e do mundo.

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