Redação Culturize-se
A Pinacoteca de São Paulo abre suas portas para receber a obra impressionante “Topografia da Memória”, que fica em cartaz entre 16 de março e 28 de julho. Composta por mais de 100 peças de cerâmica feitas à mão, esta instalação cria um ambiente imersivo que convida o público a uma jornada de contemplação e interação física com a matéria.
Encomendada pela Audemars Piguet Contemporary, a obra foi desenvolvida em colaboração com o curador convidado Thiago de Paula Souza, em apoio à visão da artista Sallisa Rosa. Nascida em Goiânia em 1986, Rosa criou uma paisagem única que evoca as flutuações do ambiente natural, transformando-se desde sua primeira versão em Miami para se adaptar ao espaço recém-inaugurado da Pina Contemporânea na Pinacoteca.
A instalação, situada em uma galeria com amplas janelas, incorpora a luz natural e as vistas da paisagem circundante, conectando as peças de cerâmica à terra e aos elementos de onde foram originadas. As esculturas no chão lembram estalagmites, enquanto as suspensas no teto adotam formas esféricas, criando uma atmosfera que sugere tanto uma caverna quanto um planetário.
Cada escultura foi feita com barro coletado manualmente na área metropolitana do Rio de Janeiro e queimada a 800 graus Celsius em um forno a lenha em uma vala subterrânea, proporcionando uma materialidade precisa que se conecta diretamente à terra. Este processo convida os visitantes a refletirem sobre sua relação com a memória, a terra e o meio ambiente como locais de cultura e identidade.
Para Sallisa Rosa, a obra busca explorar formas coletivas de recordação, estabelecendo uma conexão entre a erosão da terra e a erosão da memória. “Minha intenção é que as pessoas percorram a obra ativando a memória coletiva”, afirma a artista.
Thiago de Paula Souza, o curador convidado, destaca a importância da “programação da memória” dentro da instalação, onde cada escultura representa uma expressão única das memórias de Rosa. “Os visitantes irão descobrir seus próprios caminhos e interações entre as histórias gravadas nos objetos cerâmicos e as memórias embutidas em cada grão de solo”, observa Souza.
“Topografia da Memória” não é apenas uma obra de arte, mas uma experiência sensorial e reflexiva que convida o público a explorar os laços entre passado e presente, memória e identidade, terra e cultura. É uma celebração da riqueza e da complexidade das narrativas brasileiras, incorporadas em cada curva e linha das esculturas cerâmicas de Sallisa Rosa.