Reinaldo Glioche
Nos últimos 10 anos, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tem concentrado esforços para ser mais diversa, tanto em suas hostes como na escolha dos destaques do ano, e uma das balizas para tanto tem sido a internacionalização de seu colegiado. Não é novidade que neste período a Academia ficou mais global, jovem, multiétnica e eminentemente receptiva às minorias.
Um dos reflexos mais imediatos desse movimento tem sido a tendência irrefreável de globalização. Com membros espalhados por diversas partes do mundo, não mais apenas nos EUA e Inglaterra, produções que antes tinham poucas chances de chegar ao Oscar agora competem (quase) em pé de igualdade com a nata hollywoodiana. Os festivais de cinema europeus passaram a ter ainda mais importância no sentido de posicionar os postulantes ao prêmio e artistas de toda parte do mundo, trabalhando em produções hollywoodianas ou não, competem (quase) em pé de igualdade com os americanos.
Há quatro anos, “Parasita” se tornou o primeiro filme em língua não inglesa a vencer o Oscar de Melhor Filme. Em 2024, duas produções com essas características (“Anatomia de uma Queda” e “Zona de Interesse”) estão indicadas na categoria. A primeira vez na história. No ano passado, foi a primeira vez que duas produções estrangeiras disputaram a principal estatueta do Oscar, “Triangulo da Tristeza” e “Nada de Novo no Front”.
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Voltando a 2024, é a primeira vez que três filmes dirigidos por mulheres – um deles parcialmente falado em coreano – concorrem à estatueta principal. Quatro dos cinco cineastas indicados à direção não são americanos e há uma verdadeira fusão de nacionalidades na categoria de Filme Internacional. O britânico “Zona de Interesse” é falado em alemão, o japonês “Dias Perfeitos” é dirigido pela alemão Wim Wenders, o espanhol J.A Bayona dirige um elenco uruguaio e argentino em “A Sociedade da Neve”. Há, ainda, o italiano “Eu, Capitão”, com atores senegaleses. Apenas o alemão “A Sala dos Professores” apresenta credenciais mais tradicionais com predominância alemã.
A expectativa é que a tendência se avolume nos próximos anos e afigure a presente década como a mais internacional da história do Oscar, o que não deixa de ser emblemático em um momento que o prêmio se avizinha do centenário.