Redação Culturize-se
A Galeria Raquel Arnaud, ícone da cena artística paulistana, celebra seu cinquentenário com uma exposição que mergulha nas profundezas da arte contemporânea brasileira. Sob a batuta do curador Jacopo Crivelli Visconti, a mostra, a partir desta quinta (22), desvenda momentos cruciais que moldaram a história cultural do país desde os anos 70, destacando o papel visionário de Raquel Arnaud na consolidação de um projeto artístico singular.
A trajetória da galeria é meticulosamente desenhada aos olhos do público através de uma linha do tempo, onde raros documentos produzidos ao longo das décadas ocupam lugar de destaque. Livros, convites elaborados por designers, folhetos e publicações emergem pela primeira vez, acompanhando mais de 40 obras emblemáticas de artistas consagrados, como Sérgio Camargo, Hercules Barsotti, Sérvulo Esmeraldo e Mira Schendel, cuja série ‘Sarrafos’ ecoou pelas paredes da galeria pouco antes de seu falecimento em 1988.
Segundo o curador, a exposição coloca em foco o papel crucial da galeria no fortalecimento da cena artística contemporânea. “Ao destacar a trajetória de Raquel nesta exposição, não diminuímos a importância das obras e dos artistas que ela representou ao longo dos anos. Pelo contrário, buscamos evidenciar como a história da galeria se entrelaça com a própria história da arte brasileira”, ressalta Visconti.
Raquel Arnaud, por sua vez, recorda com carinho o embrião de sua jornada como galerista, remetendo ao sucesso da primeira exposição realizada no Gabinete de Artes Gráficas com Arthur Luiz Piza. “Arthur Piza foi o primeiro artista da minha vida como galerista, e o acompanhei até sua morte em 2017”, destaca Arnaud, cujo legado se estende desde os primeiros passos na galeria Arte Global, da Rede Globo, até a consolidação do Gabinete de Arte Raquel Arnaud.
Desde sua fundação, a galeria se tornou um epicentro para os grandes nomes do movimento neoconcreto, abrindo espaço para expoentes como Willys de Castro e Lygia Clark. Na década de 80, a instituição abraçou uma nova identidade como Gabinete de Arte Raquel Arnaud, impulsionando nomes como Nuno Ramos e Tunga rumo à vanguarda artística nacional.
Além de dar voz aos movimentos concretos, cinéticos e abstratos, a galeria Raquel Arnaud se destacou por sua abertura a artistas de diversas vertentes, como Vik Muniz, Regina Silveira e Lygia Pape. “O diálogo sempre foi o cerne da nossa curadoria. Mostramos artistas distintos entre si, mas unidos pelo desejo de explorar novas fronteiras da expressão artística”, ressalta Arnaud.
A exposição “Galeria Raquel Arnaud – 50 anos” estará em cartaz até maio, com acesso gratuito, oferecendo ao público uma experiência dinâmica e envolvente. “Ao longo dos meses, vamos trazer obras marcantes em uma expografia em constante transformação, proporcionando um diálogo contínuo e vivo com artistas que deixaram sua marca na história da galeria”, destaca Visconti.