Redação Culturize-se
As greves ficaram em 2023, mas Hollywood segue em alerta. O novo ano marca um período de intensa análise e manobras estratégicas entre grandes conglomerados de mídia. Em face das seguidas conflagrações que se deram desde a pandemia e com o afunilamento da guerra dos streamings, cujo modelo de negócio se provou um desafio maior do que o previsto, os líderes da indústria estão avaliando a viabilidade de fusões.
O mercado de mídia está cheio de especulações sobre fusões e aquisições, com a Paramount Global, a Warner Bros. Discovery e a divisão NBCUniversal da Comcast no centro das atenções. A Paramount Global, liderada por Shari Redstone, está em uma encruzilhada, provocando discussões com potenciais pretendentes. No entanto, os desafios da indústria são profundos, já que as plataformas de streaming continuam a remodelar como o conteúdo é produzido, distribuído e monetizado.
Enquanto as fusões historicamente foram uma estratégia padrão para empresas que buscam fortalecer seus ativos de conteúdo e distribuição, a mudança fundamental provocada pelas plataformas de streaming desafia a eficácia desse método. As perdas incorridas pelos serviços de streaming, mesmo os das empresas de mídia estabelecidas, levantam questões sobre a sustentabilidade dos modelos de negócio atuais. Insiders da indústria preveem um cenário em que empresas como a Paramount e a NBCU possam reduzir seus investimentos em conteúdo para serviços de streaming, independentemente de fusões.
Enquanto Hollywood contempla fusões, John Peters, da consultoria Accenture, adverte contra depender exclusivamente da combinação de empresas de mídia tradicionais, enfatizando a necessidade de estratégias para penetrar em mercados em rápido crescimento. A fadiga da indústria resultante de fusões recentes, como AT&T e Time Warner, Disney e 21st Century Fox, e Viacom e CBS, deixou os funcionários cautelosos em relação a mais mudanças corporativas. Os gigantes tradicionais do entretenimento agora se veem em concorrência direta com gigantes da tecnologia como Apple, Amazon, Netflix e Google, que possuem maiores recursos e balanços mais robustos.
Soluções possíveis e desafios contínuos
Simultaneamente, as guerras de streaming apresentam o terceiro ato para empresas de mídia tradicionais. Diante de feridas financeiras autoinfligidas por gastos agressivos na busca por assinantes de streaming, empresas como Disney, Warner Bros. Discovery, Comcast e Paramount Global estão reavaliando suas estratégias. Embora cortes de orçamento e ajustes em abordagens de licenciamento tenham sido implementados, Wall Street permanece cético, buscando uma visão crível para um modelo de negócios de streaming sustentável.
A solução potencial está no conceito de pacotes de streaming, semelhantes a pacotes de estilo de cabo. No entanto, os desafios de colaboração entre rivais, escrutínio regulatório e incertezas em torno de fusões e aquisições complicam o caminho a seguir. O debate sobre cálculos de receita média por usuário, crescimento de assinantes e possível canibalização dos planos de cabo da mídia tradicional ainda confunde as discussões.
À medida que empresas como Warner Bros. Discovery e Comcast superam o S&P 500, Disney e Paramount enfrentam subdesempenho. Os investidores procuram uma maneira de construir uma posição econômica no mundo do streaming além de investir na Netflix, esperando por uma visão crível para reviver os investimentos em mídia.
A Paramount Global, enfrentando uma encruzilhada significativa, lida com uma queda no preço das ações, uma carga de dívida crescente e o desafio de reverter o Paramount+. O CEO da empresa, Bob Bakish, reconhece 2023 como o “ano de pico de investimento”, enfatizando uma mudança de estratégia para aprimorar o menu de programação do Paramount+ e aumentar os preços mensais.
Em meio às incertezas, analistas vislumbram um papel potencial para agregadores de terceiros, como Apple ou Amazon, para promover o conceito de pacote de streaming. Fusões e aquisições permanecem incertas devido a altas cargas de dívida e preocupações regulatórias. A Paramount, em particular, torna-se um grande alvo, com Shari Redstone supostamente ansiosa para fazer um acordo.
A indústria, ainda se recuperando da pandemia, apresenta um desafio adicional. Hollywood enfrenta o dilema da janela de distribuição e incertezas sobre como lidar com lançamentos de filmes em um mundo pós-pandêmico. Diante desses desafios, Wall Street antecipa pesados investimentos em telas premium para experiências cinematográficas aprimoradas.
Hollywood está em uma encruzilhada crítica, navegando pelas complexidades da guerra dos streamings, fusões de mídia e o cenário de distribuição em evolução. O futuro da indústria depende de decisões estratégicas, esforços colaborativos e da capacidade de se adaptar às mudanças nas preferências do consumidor na era digital.