Redação Culturize-se
O diretor e documentarista Bennett Miller não lança um filme desde 2014, mas isso não quer dizer que ele não esteja se exercitando artisticamente. Está em exibição na Gagosian em Beverly Hills, uma série de impressões sépia do cineasta, retratando cenas enigmáticas e verdadeiramente perturbadoras. Elas lembram a estética da fotografia inicial, com um toque de retratos e documentários, até mesmo em suas superfícies granuladas. A pegadinha? Nenhuma delas é real.
A exposição reúne as últimas experiências de Miller com inteligência artificial. Especificamente, ele utilizou o gerador de texto para imagem DALL-E para produzir imagens que imitam a aparência e a sensação de fotografias dos séculos XIX e XX, impregnadas de um ar de inquietação e estranheza. Com elas, Miller espera demonstrar a crescente capacidade da inteligência artificial de criar realidades falsas, distorcer a história e, em última análise, remodelar percepções.
É uma exploração na qual o diretor embarcou com seu primeiro conjunto de imagens, que foi exibido na Gagosian de Nova York no ano passado. Sua nova série permanece tão relevante quanto a inteligência artificial ganha em capacidade e popularidade, com a arte imaginada por máquinas cada vez mais diminuindo a lacuna entre o que é real e o que é gerado.
O diretor está bem posicionado para investigar o encontro entre realidade e artificialidade. Seus filmes anteriores, como “Capote” (2005) e “Foxcatcher” (2014), adaptaram eventos da vida real para o cinema; ele também está desenvolvendo atualmente um documentário sobre este “momento extraordinário” em que a inteligência artificial está impactando nossas percepções.
Suas últimas imagens oferecem uma visão de uma realidade instável. Em uma delas, uma baleia enorme parece ter pousado em um palco teatral; em outra, uma mulher inconsciente está embrulhada em uma cama branca como a neve, sua silhueta profundamente fora de foco. A estética é reconhecível, mas os cenários são ilusórios – uma ambiguidade destinada a desconcertar o espectador para o que Miller chamou de “consciência e consideração reais.”