Redação Culturize-se
O ano de 2024 será de eleições municipais no Brasil e presidenciais nos EUA e será a primeira sob o jugo da inteligência artificial – ainda longe de um patamar aceitável de regulação. A fragmentação nas redes sociais tornará mais difícil entender quais narrativas estão ressoando mais com os eleitores. 2024 não será a eleição do TikTok, ou a eleição do Threads, ou a eleição do YouTube, ou a eleição do grupo de conversa. Será um almágama de todos eles, juntamente com o Telegram, rádio conservador, mídia tradicional e muitas outras fontes. Embora todas essas se entrelacem, no geral, este parece ser o ambiente midiático mais fragmentado de qualquer eleição em duas décadas. Acompanhar a história exigirá muito mais esforço, e é provável que ocorram pontos cegos.
Nesse cenário, é de se esperar uma intensificação ainda maior nas polarizações políticas a pós-verdade continuará sendo um elemento fundamental no debate público.
Tecnologia
O Threads deve ultrapassar o X em usuários diários e se tornar a principal rede social baseada em texto no mundo. É difícil imaginar como Threads poderia ter tido um lançamento melhor do que teve. Após o crescimento inicial recorde, o aplicativo se estabilizou perto de 100 milhões de usuários mensais.
Em 2024, espere que a Meta continue promovendo intensamente o Threads no Instagram, aproveitando a enorme audiência de seu aplicativo principal para impulsionar um uso diário mais intenso de ambos. A chegada de uma API atrairá mais editores, autoridades públicas, serviços de emergência, fãs de esportes e outros usuários para começar a usar o aplicativo de forma mais intensa. Threads pode não competir totalmente em recursos até dezembro do próximo ano, mas será a rede social mais amigável ao debate público com balizas confiáveis.
O Google praticamente alcança a qualidade do modelo de linguagem de grande porte (LLM) da OpenAI e começa a neutralizar a liderança do ChatGPT. Após apresentar seus modelos Gemini, o Google recebeu críticas por mostrar o que seus sistemas de IA de próxima geração podem fazer de uma maneira que exagerou em suas capacidades. No entanto, até dezembro do próximo ano, estaremos falando muito menos sobre as capacidades desses modelos da geração atual e muito mais sobre as experiências de produto que eles possibilitam.
A razão para isso é que, de acordo com a maioria dos relatos, os modelos já estão aproximadamente em paridade. Com o tempo, importará menos que o ChatGPT seja 3% melhor neste benchmark e que o Gemini Ultra seja 4% melhor naquele. Em vez disso, vai se resumir ao produto e à distribuição. Quem pode criar a melhor experiência do usuário? Quem pode colocá-la na frente do maior número de pessoas? Microsoft e Google estão melhor posicionados para capturar esse potencial, mas não o suficiente para esperarmos que inspirem milhões a abandonar uma suíte de aplicativos de produtividade para a outra. O Google ainda enfrentará muitos desafios em 2024, mas “Gemini é ruim” não será um deles.
A Apple deve obter êxito com o Apple Vision Pro e reavivar o interesse em realidade mista e no metaverso. Apesar de um preço médio de venda elevado, o primeiro grande lançamento de produto da Apple desde o seu relógio alcançará seu objetivo de vender de 400.000 a 500.000 unidades. Isso vai representar uma receita de U$1,5 bilhão – mais do que suficiente para justificar investimentos contínuos no produto – e a Apple será ainda mais incentivada por avaliações positivas de seus primeiros adeptos.
Economia
Em 2023, a economia foi marcada por intensas discussões sobre a política monetária, e em 2024, espera-se que essa tendência continue. Rafael Perez, economista da Suno Research, observa que os principais bancos centrais, incluindo o Federal Reserve (Fed), Banco Central Europeu (BCE) e Banco Central da Inglaterra, atingiram picos nas taxas de juros. Isso levará ao início de cortes em 2024, e no Brasil, são esperadas mais reduções da taxa Selic.
Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, destaca que se as expectativas estiverem ancoradas, o Fed provavelmente iniciará um ciclo de cortes, provavelmente no segundo semestre de 2024. Ele enfatiza que a mera expectativa desse ciclo de queda de juros pode ter impactos significativos nos mercados, desencadeando um grande fluxo de capital.
Em relação aos riscos, Perez destaca questões geopolíticas, como possíveis escalonamentos nos conflitos entre Ucrânia e Rússia, que podem afetar os mercados de commodities. O conflito entre Israel e Hamas também é apontado como uma preocupação, pois pode impactar países produtores de petróleo como Irã e Arábia Saudita.
Quanto ao crescimento econômico mundial, Perez avalia que há uma tendência de menor crescimento em 2024, principalmente nos Estados Unidos e China. Ele observa que o crescimento acelerado dos Estados Unidos em anos anteriores deve desacelerar, impactando a economia global. Na China, espera-se um crescimento menor no próximo ano.
Sobre o petróleo, a previsão é de que os preços permaneçam no mesmo patamar, em torno de US$ 80.
Quanto aos insumos agrícolas, como milho e soja, Perez menciona que esses insumos tiveram quedas relevantes, principalmente devido ao aumento na oferta global. No entanto, ele ressalta que a tendência de quedas expressivas pode diminuir, dependendo do comportamento da produção brasileira e do fenômeno El Niño em 2024. Em relação à taxa básica de juros, a Selic, o Goldman Sachs reitera projeções estáveis, com uma expectativa de Selic de 9,5% ao final de 2024.