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Mostra revisita a icônica “A Mão Afro-Brasileira” realizada em 1988

“Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira” traz um recorte da exposição de 1988 e uma grande atualização, com artistas populares, acadêmicos, modernos e contemporâneos

Redação Culturize-se

Foto: Renato Parada

A partir de 19 de outubro, o Museu de Arte Moderna de São Paulo e o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo apresentam a exposição “Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira”. Exposta simultaneamente nas duas instituições, a mostra tem curadoria de Claudinei Roberto da Silva, curador, artista, membro da Comissão de Artes do MAM e curador convidado do MAB Emanoel Araujo.

A exposição reúne pinturas, gravuras, fotografias, esculturas e documentos de mais de 30 artistas afrodescendentes brasileiros, populares, acadêmicos, modernos e/ou contemporâneos. A exposição celebra e revisita o legado de “A Mão Afro-Brasileira”, mostra realizada no MAM em 1988, ano do centenário da abolição da escravidão, com curadoria de Emanoel Araujo e que marcou a história da arte do país. A mostra tem patrocínio do Instituto Cultural Vale por meio da lei de incentivo à cultura.

A ideia da exposição foi compartilhada com Emanoel Araujo (1940 – 2022), artista, curador, criador e diretor do Museu Afro Brasil, que se entusiasmou em realizar a parceria institucional, mas não pôde ver o projeto concretizado. A atual exposição é, também, uma homenagem das duas instituições ao seu legado.

“Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira no MAM, realizada em parceria com o Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, rebatizado em homenagem ao seu fundador, é inaugurada 35 anos depois da pioneira versão feita no MAM São Paulo. Mais do que aderir a uma discussão hoje bastante presente nas instituições, o Museu de Arte Moderna de São Paulo revisita a sua história, revelando o seu pioneirismo em relação à valorização da arte afro-brasileira que marca tão profundamente a identidade e a cultura nacionais”, comenta Elizabeth Machado, presidente do MAM.

“Foi por meio de uma série de exposições realizadas por Emanoel Araujo que o projeto do Museu Afro Brasil – nome pelo qual a instituição ficou conhecida, antes de adotar o nome de seu fundador – foi adquirindo seus contornos, antes mesmo de existir oficialmente. E pode-se afirmar que se encontra na histórica exposição ‘A Mão Afro-Brasileira’ (1988), assim como na publicação homônima, também organizada por Araujo, os genes do Museu por ele criado, tanto do ponto de vista conceitual quanto de constituição de seus acervos”, afirma Sandra Salles, diretora executiva do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo.

Pensando a História

Claudinei Roberto explica que “Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira” revê a exposição histórica de 35 anos atrás partindo de produções hoje historicizadas e outras realizações contemporâneas que, naturalmente, não estiveram presentes na exibição de 1988, mas que, de toda forma, dão prova do panorama atual da arte afro-brasileira.

“Epistemicídio é o termo criado para assinalar os processos de apagamento e silenciamento da história e da cultura de um determinado grupo. Num cenário social historicamente marcado pela profunda desigualdade de raça, classe e gênero, o epistemicídio é também um resultado do racismo estrutural que entre nós cria condições para que as instituições de educação, arte e cultura negligenciem as produções simbólicas dos setores sociais fragilizados, consequentemente, permanecem subalternizados. Portanto, a atual emergência e valorização da arte afro-brasileira e afro diaspórica, tem seu ritmo tangenciado pelo avanço das lutas por direitos civis empreendidas pelas negras e negros do país”, reflete Claudinei em texto que compõe o catálogo.

Para Cauê Alves, curador-chefe do MAM, além de sua relevância artística e social, “Mãos: 35 anos da Mão Afro-Brasileira” é fundamental para a reflexão sobre a história das exposições. “Realizada 35 anos depois de ‘A Mão Afro-Brasileira’, também feita no MAM de São Paulo por Emanoel Araujo, ela atualiza o debate e reabre um campo de possibilidades. “Esta narrativa, que aborda as primeiras exposições sobre arte afro-brasileira, tem ‘A Mão Afro-Brasileira’ como peça fundamental de projeção de possibilidades de futuro. A exposição valoriza a produção simbólica dos que tradicionalmente estiveram relegados às margens nas narrativas oficiais das instituições que dominaram as discussões sobre artes nos últimos 150 anos”, comenta Cauê Alves em um ensaio presente no catálogo.

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