Redação Culturize-se
Brasília foi selecionada como o local da primeira exposição individual da artista indígena Daiara Tukano em um museu. “Pamuri Pati – Mundo de Transformação” chega à capital federal em 10 de outubro e permanece em exibição na galeria principal do Museu Nacional da República até 26 de novembro.
Daiara descreve “Pamuri Pati – Mundo de Transformação” como uma espécie de retrospectiva de sua carreira, destacando a relevância dessa exposição, que inclui mais de 70 obras, como um marco na introdução da arte contemporânea indígena em espaços como esse museu.
A expressão “Pamuri Pati” significa “mundo de transformação,” um conceito profundamente arraigado na cultura indígena. Para os povos originários, os seres e o mundo estão em constante evolução, e isso é representado desde os petroglifos, que são as mais antigas pinturas em pedra e rochas, até as manifestações contemporâneas da arte indígena.
Daiara enfatiza a importância de ver a arte como uma cosmovisão e uma forma de construir o mundo, transmitindo a ancestralidade na arte contemporânea.
Em “Pamuri Pati – Mundo de Transformação”, Daiara Tukano explora as transformações sociais sob as perspectivas do feminino e do povo indígena, destacando a retomada da “memória ancestral” como um elemento vital na sociedade atual.
A artista entende que este é um momento importante para a arte indígena, especialmente à luz das mudanças climáticas, enfatizando a necessidade de ouvir os povos indígenas, que têm uma conexão especial com a natureza. A exposição inclui obras que fizeram parte de “Véxoa: Nós Sabemos,” a primeira exposição com temática indígena contemporânea na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 2020. Uma das obras, “Espelho da Vida,” foi destaque na 34ª Bienal de São Paulo em 2021.
A mostra também apresenta a série “Amõ Numiã,” a primeira exposição individual de Daiara Tukano na Galeria Millan, em São Paulo. Essa série retrata figuras femininas marcantes e poderosas, frequentemente incorporando formas geométricas e cores.
Outra obra em destaque é “Festa no Céu,” composta por quatro pinturas suspensas que representam pássaros sagrados da cultura Tukano. No verso de cada pintura, há um manto de penas entrelaçadas, fazendo referência à tradição dos grandes mantos plumários.
A série “Kahpi Hori” apresenta pinturas acrílicas sobre telas que evocam traços indígenas e padrões geométricos com cores vibrantes e efeitos de luz tridimensionais.
Uma obra inédita na exposição é a instalação “Maloca,” uma grande lona plástica pintada com petroglifos e erguida sobre uma estrutura de bambu. Essa peça simboliza os acampamentos indígenas no Rio Negro e servirá como um espaço onde as pessoas podem entrar e ouvir histórias gravadas por Daiara, que serão reproduzidas dentro da estrutura de “Maloca”.